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Cunha era 'menino de recados' do BTG, afirma Delcídio

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Em Brasília

15/03/2016 13h46

Em delação premiada homologada nesta terça-feira (15), no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Delcídio Amaral (PT-SP) chamou o presidente da Câmara dos Deputado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de "menino de recados" do banqueiro André Esteves em assuntos de interesse do Banco BTG, "especialmente no que tange a emendas às Medidas Provisórias que tramitam no Congresso".

Como exemplo, o senador citou aos investigadores a apresentação de emenda por parte da Câmara dos Deputados a uma MP (668 ou 681, segundo Delcídio) possibilitando a utilização de ativos em instituições em liquidação de dívidas. Entre as tratativas de Esteves junto a Eduardo Cunha, estaria a possibilidade de inclusão de mecanismos para que bancos falidos utilizassem os Fundos de Compensação de Variações Salariais (FCVS) para quitar dívidas com a União. Delcídio confessou ainda o fato de ele próprio ter marcado uma agenda do banqueiro do BTG com o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para tratar do tema.

Delcídio ressaltou ainda que o BTG seria um dos maiores mantenedores do Instituto Lula. "Um dos instrumentos utilizados para repasse de valores seria o velho esquema de pagamento de 'palestras'", denunciou o senador. Além do próprio ex-presidente Lula, o ex-ministro petista Antônio Palocci seria uma espécie de "gendarme" de Esteves no esquema, nas palavras do delator.

O documento de delação revela que a maior preocupação de Lula e André Esteves é com relação à PetroAfrica. A polêmica operação levou à aquisição pelo BTG de 50% de campos de petróleo, principalmente na Nigéria, por um valor muito aquém do que a própria Petrobras já teria investido e abaixo do potencial dos poços.

Delcídio lembra ainda que o BTG teve papel preponderante em várias campanhas eleitorais, e alega que André Esteves tem "relações próximas" com fundos de pensão de empresas estatais. O delator também afirma ser "fato conhecido" a relação do banqueiro com o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Delcídio deixou a prisão em 19 de fevereiro, após ter ficado quase três meses na cadeia acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato STF, homologou nesta terça delação premiada do senador e abriu o sigilo dos autos.