Procurador Santos Lima rebate acusação de efeitos econômicos da Lava Jato
"Por isso somos muito rígidos em relação às leniências (aos acordos de leniência). Se fosse uma empresa capital aberto a questão seria mais justa, mas salvar uma empresa de capital fechado, de propriedade de famílias que se beneficiaram? Vejam a história por exemplo dessas planilhas antigas de uma determinada empreiteira (Odebrecht). Vamos salvar o patrimônio delas?", questionou. "Está certo, é preciso salvar empregos, concordo, entretanto, esse é um discurso que, por trás dele, está a salvação do patrimônio dessas famílias."
O procurador argumentou que empregos "vão e vêm" e que a operação trabalha para acabar com um sistema de corrupção que se tornou de sustentação política no Brasil. Além disso, ele avaliou que a solução pode passar pela abertura externa do mercado de construção no Brasil, o que pode ser positivo.
"Estamos falando de salvar o capital de famílias, de pessoas. Os empregos vão e vem, o mercado vai continuar precisando de obras, outras empresas aparecerão. Quem sabe teremos que abrir para empresas estrangeiras e isso torne o mercado um pouquinho menos sujeito à corrupção, porque teremos muito mais concorrência."
Em discursos recentes, Lula vem criticando a Lava Jato e os vazamentos da operação em relação ao impacto sobre a economia brasileira.
Um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki tirar das mãos do juiz Sérgio Moro o processo no qual Lula é investigado, o ex-presidente pediu a sindicalistas que pressionem a força-tarefa da Operação Lava Jato a dar explicações sobre os "efeitos econômicos negativos" da investigação.
"Essa operação de combate à corrupção é uma necessidade para este País. Eu só acho que vocês deveriam procurar a força-tarefa, o juiz, para saber o que eles estão discutindo sobre quanto essa operação já deu de prejuízo para este País. Será que não dá para combater a corrupção sem fechar as empresas? Já ouvi falar de R$ 200 bilhões, R$ 250 bilhões de prejuízo", disse Lula na ocasião.
Odebrecht
Também nesta quarta-feira, Lima afirmou que o Ministério Público Federal não está em negociação para fechar acordo de leniência com a Odebrecht - ressaltando que falava pelo MP e não pela Controladoria Geral da União (CGU), que tem poder para fechar em sua competência um acordo de cooperação com a empreiteira.
Lima ainda negou que haja qualquer conversa para delação premiada de Marcelo Odebrecht.
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