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Dilma diz à revista 'Time' 'ter convicção' de que conseguirá votos contra impeachment

A presidente afastada, Dilma Rousseff - Tomas Munita - 1º.jun.2016/The New York Times
A presidente afastada, Dilma Rousseff Imagem: Tomas Munita - 1º.jun.2016/The New York Times

Em São Paulo

28/07/2016 11h48

A presidente afastada, Dilma Rousseff, afirmou que acredita conseguir evitar o impeachment no Senado em entrevista à revista norte-americana "Time", divulgada nesta quarta-feira (27). Questionada se conseguirá os 27 votos necessários contra o processo no plenário, ela respondeu "lutei para isso... e tenho a convicção de que posso vencer".

"Estou sendo julgada por um não crime. O que está acontecendo no Brasil não é um golpe militar, mas parlamentar. Está afetando as instituições, as erodindo por dentro, as contaminando. Então, eu acredito que essa luta requer uma arma. Vivemos em uma democracia e a respeitamos. A arma nessa luta é o debate, a explanação e o diálogo."

Na entrevista, Dilma voltou a defender a realização de um plebiscito para que o presidente que exercerá o mandato a partir de 2019 possa "comandar o país de uma forma melhor". Ela também disse que o impeachment é misógino. "Quando uma mulher se torna a primeira presidente da República, abre espaço para uma avaliação da mulher que é muito estereotipada. De um lado são histéricas. De outro, insensível, fria e sem coração", afirmou.

Crise econômica

A presidente afastada culpou a crise política por colocar o país em recessão, especialmente a partir do ano passado. À "Time", falou ter tentado uma política a fim de prevenir que o pior da crise global chegasse. "Tivemos algum sucesso em 2011, 2012, 2013 e 2014."

Lava Jato

Sobre a importância da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para o futuro do Brasil, Dilma desconversou e disse que o país não tem monopólio sobre a corrupção. "A batalha contra a corrupção não é só sobre uma investigação. Ela é feita pelo avanço das instituições de controle e da legislação."

Jogos Olímpicos

A petista voltou a dizer que não vai à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio por ter sido convidada em uma posição "injusta (...) muito secundária, que não condiz com o seu status presidencial". "Fui eleita com 54,4 milhões de votos", lembrou.

Em relação à segurança, disse que a estrutura não foi "construída ontem nem anteontem" e passou por testes, como a Copa do Mundo em 2014. "Eu quero dizer para você que os Jogos estão perfeitamente organizados para serem um sucesso. Eu falo isso pela contribuição que o meu governo deu para a realização deles. Espero que o governo provisório e interino dê continuidade a tudo o que está montado."

Dilma ainda ressaltou que o vírus da zika não deverá ser um problema durante o evento esportivo, pois, com as temperaturas mais baixas, haverá menos mosquitos transmitindo a doença.