Acordo com líderes estudantis prevê desocupação de 500 colégios no PR
28/10/2016 21h42
Segundo o procurador, "com isso o clima de tensão registrado na cidade nos últimos dias tende a desaparecer".
A desocupação das escolas no Paraná deve ser feita até segunda-feira. A Secretaria Estadual da Educação cedeu à exigência dos ocupantes de ter um prazo maior para sair do Colégio Estadual do Paraná (CEP), o maior do Estado.
As negociações tiveram a mediação do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A Justiça havia determinado a reintegração de posse de 25 das escolas tomadas na capital. A Secretaria de Segurança queria evitar o uso da força.
Já o procurador-geral do Estado, Paulo Rosso, não queria aceitar a proposta dos alunos. "Corremos o risco de transformar o CEP em uma espécie de quartel-general dos estudantes."
Mas a secretária de Educação, Ana Ceres, apelou para que o acordo fosse aceito em função do Enem. "Precisamos preparar muitas das escolas que estão ocupadas para a realização do Enem, nos dias 5 e 6."
Para o procurador Sfoggia, o acordo "foi a melhor saída que havia e pareceu muito sensato". "É uma medida que abre espaço ao diálogo entre o governo e os estudantes, o que é bom para o movimento dos alunos e, ao mesmo tempo, libera as demais escolas."
O CEP tem cerca de 5 mil alunos matriculados. Os estudantes ficarão no prédio aguardando uma posição do governador Beto Richa (PSDB).
O acordo foi assinado por lideranças estudantis, pelo defensor público-geral, Sérgio Roberto Rodrigues Parigot de Souza, que representa os estudantes, o procurador-geral do Estado e o procurador-geral de Justiça. Até as 19h30, a União Paranaense de Estudantes Secundaristas (Upes) não havia se manifestado.
Tensão e hostilidade do MBL
Uma liminar de reintegração de posse de 25 escolas chegou a ser concedida pela juíza Patrícia de Almeida Gomes, da 5.ª Vara de Fazenda Pública, e estabelecia também uma multa no valor de R$ 10 mil ao dia em caso de descumprimento.
A noite anterior havia sido tensa nas escolas. No Colégio Pedro Macedo, relatos de pais indicavam pressão e hostilidade por parte de militantes do Movimento Brasil Livre (MBL) contra os estudantes. A Polícia Militar foi chamada para impedir uma invasão do MBL no colégio. O caso terminou com um registro de queixa de agressão contra líderes do movimento.
No colégio Lysímaco Ferreira da Costa, em Curitiba, cerca de cem pessoas ligadas ao MBL tentaram entrar à força. Segundo o advogado dos estudantes, Vitor Leme, "quando corremos para o prédio, levamos socos e tivemos os cabelos puxados por um grupo que dizia ser do MBL".
A PM interveio e retirou as pessoas que não faziam parte da ocupação. O líder do MBL em Curitiba, Éder Borges, negou as agressões e a tentativa de desocupar a escola à força.