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Abstenções de Lula e Dilma simbolizam fim do protagonismo petista, diz professor

2.out.2016 - A ex-presidente Dilma Rousseff votou no primeiro turno em Porto Alegre  - Itamar Aguiar /Agência Free Lancer/Estadão Conteúdo
2.out.2016 - A ex-presidente Dilma Rousseff votou no primeiro turno em Porto Alegre Imagem: Itamar Aguiar /Agência Free Lancer/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

30/10/2016 17h27

As abstenções dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff nas eleições deste domingo (30) têm valor simbólico, ao comporem um retrato da perda de protagonismo na política brasileira de um PT que vive a pior crise de sua história, avalia o professor do Insper Carlos Melo.

"É uma constatação de que o PT passou, de que não é mais protagonista e de que seus principais personagens não têm mais o que dizer", afirma o cientista político sobre a decisão dos dois últimos presidentes da República de não comparecer às urnas no segundo turno das eleições municipais.

Lula vota em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, mas, com 71 anos de idade, seu voto é facultativo e ele preferiu não comparecer à urna, numa atitude que seria um ato de protesto contra o quadro político atual.

Dilma, por sua vez, está visitando a mãe em Belo Horizonte (MG) e não votou em Porto Alegre (RS). Nos domicílios eleitorais onde votam os ex-presidentes não há representantes petistas na disputa do segundo turno.

"É um protesto ou uma rendição? A história é que vai responder", afirma Melo. Lembrando-se da luta pela democracia tanto de Lula, durante as Diretas Já, quanto de Dilma, no período de governos militares, o cientista político diz que não votar é um direito que vale a qualquer cidadão, mas o fato de serem ex-presidentes é simbólico.

"É até irônico que eles fiquem, de certo modo, escondidos hoje em suas casas."

Após lembrar que os dois líderes petistas correriam o risco de serem hostilizados caso comparecessem a seus colégios eleitorais, Melo considerou que o PT vive um momento melancólico. Para ele, é prematuro projetar uma nova liderança à esquerda do espectro político com base apenas nos resultados das eleições a prefeituras deste ano.

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