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Odebrecht chama Dilma, ex-ministros e delatores de sua empreiteira como testemunhas

Marcelo Odebrecht está preso desde junho de 2015 - Rodolfo Burher/Reuters
Marcelo Odebrecht está preso desde junho de 2015 Imagem: Rodolfo Burher/Reuters

Em São Paulo

24/11/2016 15h07

As vésperas de a Odebrecht fechar os maiores acordos de delação premiada e de leniência na Lava Jato, envolvendo Brasil, Suíça e Estados Unidos, o ex-presidente da empreiteira Marcelo Bahia Odebrecht arrolou 30 testemunhas para sua defesa, incluindo a ex-presidente Dilma Rousseff, os ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Graça Foster, os ex-ministros Guido Mantega e Jaques Wagner e doze executivos ligados à companhia - entre estes, como ele próprio, ao menos seis estão negociando delação, incluindo o pai de Marcelo, Emílio Odebrecht.

Todos os trinta nomes constam da resposta à acusação apresentada pela defesa de Odebrecht na ação penal em que ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Além do empreiteiro, são acusados neste processo o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) e mais 13 réus.

Nesta ação, a Procuradoria da República acusa Palocci de atuar para favorecer a Odebrecht no governo federal e aponta que, graças ao ex-ministro, a empreiteira teria se beneficiado e vencido uma licitação de 2011 para a construção de seis sondas de exploração do pré-sal no valor de R$ 28 bilhões.

Não é a primeira vez que o empresário chama Dilma e Mantega para depor em sua defesa. Em maio ele já havia incluído a petista e o ex-ministro em outra ação penal, mas acabou desistindo. Na ocasião, ele havia arrolado quinze testemunhas.

Do extenso rol de testemunhas que o empreiteiro indicou para testemunhar por ele na ação em que é réu com Palocci fazem parte, ainda, o atual presidente da Odebrecht, Newton de Souza, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e o diretor presidente da Kawasaki no Brasil, Jorge Kawasato.

A lista da defesa do empresário foi encaminhada ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, na segunda-feira, 21, dois dias antes de os executivos da maior empreiteira do País chegarem a Brasília para assinar os acordos de colaboração com a Procuradoria-Geral da República, ato que acabou adiado.

Já condenado por Moro a 19 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa envolvendo quatro contratos da Odebrecht com a Petrobras, Odebrecht está preso preventivamente desde 19 de junho de 2015.

Desde então ele vinha evitando responder, inclusive em audiência perante o juiz Moro, sobre as acusações que pesam contra ele. Agora disposto a colaborar, o empreiteiro quer que os outros executivos de sua empresa, inclusive os que estão fechando as delações premiadas, falem ao juiz da Lava Jato. Caberá ao magistrado decidir se aceita ouvir tanta testemunha.

Atualmente, o empreiteiro responde a três ações penais na Justiça Federal no Paraná decorrentes da Lava Jato e a uma ação penal na Justiça Federal em Brasília por suspeita de fraudes em financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) envolvendo contratos da Odebrecht no exterior.