Freire evita falar sobre Calero, diz apoiar decisão do Iphan e defende Lei Rouanet
O ministro da Cultura, Roberto Freire, evitou polemizar sobre a saída de seu antecessor, Marcelo Calero, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (28). Ele disse que, ao ser convidado para o cargo, o presidente Michel Temer não informou a razão da escolha. "Não procurei saber dos motivos e assumi porque o governo Temer é constitucional e é fruto do impeachment de Dilma", afirmou Freire, que apesar da defesa do governo, admitiu não ter votado na chapa de Dilma e Temer em 2014.
O ministro reafirmou que priorizaria a decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no caso do agora ex-ministro Geddel Vieira de Lima, que pediu a liberação da construção de um imóvel em Salvador. "Se existe órgão técnico para decidir sobre patrimônio artístico, tem de respeitar a decisão técnica. Se alguém viesse para mim, eu teria encerrado o assunto com o critério técnico", afirmou Freire.
Questionado sobre um processo semelhante de obras em Recife, o ministro disse que respeitará o que o Iphan definir, embora seja um processo diferente do de Salvador. "Não é uma coisa tão simples", afirmou.
Indagado sobre a postura do músico e compositor Chico Buarque de vetar a música "Roda Viva", de sua autoria, na abertura do programa, após a entrevista de Temer, Freire disse que ela é fruto de um processo de crescente intolerância. "O Roda Viva não entrevistou apenas Michel Temer, que é desafeto dele", afirmou. "Com Chico (Buarque) eu tive um excelente diálogo durante a ditadura. Felizmente não me transformei em um reacionário", emendou.
Lei de Incentivo
Ainda durante entrevista, Roberto Freire defendeu a necessidade de leis de incentivo ao setor, como a Lei Rouanet, e apoiou investigações em possíveis irregularidades na sua aplicação. "Lei de incentivo para a cultura é necessária e não é ela que provoca a má gestão", disse o ministro.
Freire citou as investigações de irregularidades e ilícitos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. "Não é a lei que provoca a corrupção, é a gestão falha e o que se beneficiou. Na mudança das normas, vamos caminhar para uma maior transparência e em uma nova plataforma aos projetos que derem entrada no ministério", afirmou.
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