Em menos de 24 horas, 38 detentos fogem de presídios na Bahia
Em menos de 24 horas, 38 detentos fugiram de um presídio e de uma cadeia de Salvador e Santo Antônio de Jesus, na Bahia, nesta sexta-feira (13). As fugas levaram o governador Rui Costa (PT) a exonerar o diretor da Cadeia Pública do Estado, o capitão da Polícia Militar Fagner Araújo Carvalho, e o diretor adjunto, Paulo Cesar Gonçalves Sacramento.
Na madrugada de sexta, um grupo de 17 detentos serrou as grades de uma cela e fugiu do Complexo Penitenciário de Mata Escura, em Salvador. A fuga só foi percebida pela manhã, quando os agentes penitenciários da unidade viram os danos nas grades e em três barreiras fixas.
Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado, todos os 17 presos fazem parte de uma mesma facção criminosa. Eles também atribuíram a fuga à superlotação da unidade e à falta de segurança no local. A unidade prisional tem capacidade para 808 presos, mas, no momento da fuga, estava com 1.227.
Na noite de sexta-feira, por volta das 23h30, 21 presos fugiram da 4ª Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Coorpin), de Santo Antônio de Jesus, a cerca de 185 quilômetros da capital baiana.
Os detentos quebraram uma barra de ferro de uma das celas e a utilizaram para quebrar os cadeados das demais celas para liberar outros presos. O grupo ainda utilizou cordas, feitas com lençóis, para pular o muro da carceragem. O local tem capacidade para seis presos, mas 21 estavam na unidade e todos fugiram.
De acordo com a polícia, um delegado plantonista, um escrivão e outros dois agentes estavam na unidade, mas não perceberam a fuga. Seis detentos já foram recapturados.
Ainda segundo a polícia, a maioria dos fugitivos responde por tráfico de drogas, homicídio e roubo. A maioria já havia sido sentenciada e aguardava vaga em presídio.
Massacre em Manaus
Um sangrento confronto entre facções no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, deixou 56 mortos entre a tarde de 1º de janeiro e a manhã do dia 2. A rebelião, que durou 17 horas, acabou com detentos esquartejados e decapitados no segundo maior massacre registrado em presídios no Brasil - em 1992, 111 morreram no Carandiru, em São Paulo.
Treze funcionários e 70 presos foram feitos reféns e 184 homens conseguiram fugir. Outros quatro presos foram mortos no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), também em Manaus. Segundo o governo do Amazonas, o ataque foi coordenado pela facção Família do Norte (FDN) para eliminar integrantes do grupo rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Cinco dias depois, o PCC iniciou sua vingança e matou 31 detentos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Boa Vista (Roraima). A maioria das vítimas foi esquartejada, decapitada ou teve o coração arrancado, método usado pelo PCC em conflitos entre facções. Com 1.475 detentos, a PAMC é reduto do PCC, que está em guerra contra a facção carioca Comando Vermelho (CV) e seus aliados da FDN.
Roraima tem 2.621 presos - 900 dos quais pertenceriam a facções criminosas, a maioria do PCC. No total, 27 facções disputam o controle do crime organizado nos Estados.
A guerra de facções deixou o sistema penitenciário em alerta, e governadores de Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pediram ajuda do governo federal com o envio da Força Nacional.
Amazonas foi o primeiro Estado a receber reforços. A crise é tamanha que, segundo o Conselho Nacional de Justiça, são necessários R$ 10 bilhões para acabar com o deficit prisional no País.
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