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Parlamentares chamam prisão de Boulos de 'ato de repressão política'

17/01/2017 12h52

Brasília - Parlamentares de partidos de esquerda reagiram nesta terça-feira, 17, com indignação à detenção do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, após reintegração de posse em um terreno particular em São Mateus, na zona leste da capital paulista. Em nota, os deputados chamaram a prisão de "arbitrária" e concluíram que a medida configura "ato de repressão política" por parte da Polícia Militar de São Paulo.

"A PM-SP, comandada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), segue à risca a orientação de repressão total aos movimentos sociais imposta pelo Ministro de Justiça do governo golpista de Michel Temer, Alexandre de Moraes, que foi durante vários anos secretário de Segurança Pública dos governos tucanos em São Paulo e contra o qual pesam sérios questionamentos quanto à sua conduta à frente dos órgãos públicos pelos quais passou", disse o líder do PT, Carlos Zarattini (SP).

Na nota, o petista disse que causava "espanto e indignação" a detenção ter ocorrido enquanto Boulos dialogava com policiais e as famílias removidas. "Em vez de garantir o diálogo, a polícia optou pela repressão explícita, usando um dispositivo arcaico do Código Penal - a acusação de 'desobediência civil' - para justificar a prisão de um dirigente político, ação que é típica de regimes totalitários", afirmou.

Zarattini destacou que o terreno onde estavam 700 famílias não cumpre sua função social de propriedade, como estabelece a Constituição. Ele afirmou que a bancada tomará as medidas para liberar Boulos e cobrará investigação sobre eventual abuso cometido pelos policiais.

Outro a se manifestar publicamente sobre o episódio foi o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que classificou a prisão de "absurda". "Novamente vemos uma tentativa clara de criminalização de um movimento social e sua liderança, por parte do Estado", declarou.

O parlamentar também fez críticas à condução do governador Alckmin. "O governo Alckmin pratica cenas de violência lamentáveis contra uma população pobre e vulnerável e joga às ruas 700 famílias em uma demonstração de total insensibilidade", completou.