Dono de jato no qual morreu Eduardo Campos também é alvo da Lava Jato
O empresário pernambucano Apolo Vieira Santana, um dos donos do jato que caiu em agosto de 2014, matando o então candidato a presidente da República Eduardo Campos (PSB), em Santos (SP), é um dos alvos da 38ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira (23).
Ele chegou a ter prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, na Operação Blackout, mas o pedido foi suspenso, após negociação de acordo de delação premiada.
"Apolo Santana, com atuação criminosa principalmente no Estado de Pernambuco, tendo como atividade a intermediação de propina de contratos realizados com a administração pública, com a utilização de empresas de fachada", informou a força-tarefa da Operação Lava Jato, no pedido de prisão da 38ª fase da Lava Jato.
O empresário surge na Operação Blackout --que tem como alvos centrais os operadores de propinas do PMDB Jorge Luz e seu filho Bruno Luz-- em um dos negócios na Petrobras, de contratos dos navios-sondas Vitoria 10000 e Petrobrás 10000.
Foram identificados pagamentos para a conta da offshore Zago Inc, mantida no banco Safra, em Luxemburgo. "Apolo Santana se apresenta como profissional voltado para a lavagem de ativos e vale-se constantemente de contas no exterior para circular valores ilícitos, o que justifica o recebimento de valores de propina oriundos do navio-sonda Vitória 10.000 em conta oculta no exterior, operação que deve ter sido realizada em favor de algum agente político", informa o Ministério Público Federal.
O acusado foi responsável por receber US$ 510 mil na conta Zago de propina do contrato do navio-sonda Petrobras 10.000. A conta recebeu US$ 19.620.124,68 entre 2005 e 2011 e repassou US$ 12.552.582,90, segundo a Lava Jato. A conta foi aberta pelo escritório panamenho Mossack & Fonseca, já alvo das investigações.
Jato
Apolo, como é conhecido, foi preso em 21 de junho de 2016, alvo da Operação Turbulência, por ordem da 4ª Vara Federal Criminal do Recife. Ele e outros quatro pessoas são acusadas de manterem empresas de lavagem de dinheiro, em Pernambuco, que teria movimentado mais de R$ 600 milhões.
Um dos negócios alvos da Turbulência era a compra do jato Cessna modelo Citation 560 XLS, prefixo PR-AFA, que era usado por Campos na campanha presidencial de 2014.
Em 13 de setembro, a prisão de Apolo pela Operação Turbulência foi revogada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio de Mello, em um habeas corpus.
No decreto de prisão de Apolo - que acabou depois suspenso a pedido da Procuradoria -, Moro destaca que "este é um outro processo, com objeto específico, o recebimento, ocultação e dissimulação de vantagem indevida em acerto de propinas em contrato da Petrobras".
"A prisão preventiva decretada tem por base outros fatos e inclusive fatos novos, inclusive a descoberta de que Apolo Santana Vieira mantém contas secretas no exterior, com movimentação milionária e com indicativos de sua utilização para operações de lavagem de dinheiro e repasse de propinas a agentes públicas", afirma Moro.
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