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Janot escreve a seus pares sobre "triste realidade de uma democracia sob ataque"

Rodrigo Janot, procurador-geral da República - Pedro Ladeira-7.abr.2016/Folhapress
Rodrigo Janot, procurador-geral da República Imagem: Pedro Ladeira-7.abr.2016/Folhapress

14/03/2017 21h57

No dia em que enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), 83 pedidos de abertura de inquérito, contra ministros do governo Temer, deputados federais e senadores, o procurador-geral da República Rodrigo Janot escreveu uma carta a seus pares em que aponta para "a triste realidade de uma democracia sob ataque". Detalhes da carta foram revelados pelo repórter Vladimir Netto, no Jornal Nacional, da TV Globo.

Janot destacou que a Instituição tem dois desafios: manter a imparcialidade e zelar pela coesão interna. O procurador apontou que as delações de executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht "mostram a triste realidade de uma democracia sob ataque, tomada pela corrupção e pelo abuso do poder econômico e político".

Ele relatou aos colegas da Procuradoria que apresentou 320 pedidos ao Supremo, sendo 83 de abertura de inquérito. Comprometeu-se a manter a condução da Lava Jato "sob o compasso da técnica e com a isenção que se impõe".

Na carta aos procuradores, Janot afirma ser "um democrata convicto" e diz que continua na "sua missão de defender o regime democrático e a ordem jurídica".

Segundo ele, o sucesso das investigações até aqui "representa uma oportunidade ímpar de depuração do processo político nacional para aqueles que acreditam ser possível fazer política sem crime e para aqueles que creem que a democracia não é um jogo de fraudes, mas sim um valor essencial ao desenvolvimento de um país".