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Gerente de joalheria diz que Cabral parcelava com cheque e trocava por dinheiro

O ex-governador Sérgio Cabral e a mulher, Adriana Ancelmo, durante evento em 2012 - Paula Giolito/Folhapress
O ex-governador Sérgio Cabral e a mulher, Adriana Ancelmo, durante evento em 2012 Imagem: Paula Giolito/Folhapress

Mariana Sallowicz

Rio de Janeiro

15/03/2017 20h33

Uma gerente da joalheria Antonio Bernardo do shopping da Gávea, na zona sul do Rio, afirmou em depoimento nesta quarta-feira (15) que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, sua mulher Adriana Ancelmo e Carlos Miranda, ex-assessor parlamentar do peemedebista, costumavam comprar joias com cheques parcelados em até dez vezes, que eram trocados por dinheiro antes de serem descontados. Os três estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó (Bangu), zona oeste do Rio.

As compras, sem nota fiscal, ocorriam com "desconto especial", afirmou Vera Lucia Guerra ao juízo da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O depoimento ocorreu no âmbito da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato no Rio que prendeu no ano passado Cabral, Adriana e Miranda, entre outros investigados.

De acordo com a gerente, as aquisições ocorriam principalmente em datas comemorativas, como Dia das Mães, aniversário de casamento, Natal e Dia dos Namorados. Vera afirmou ainda que as peças eram compradas para uso pessoal, conforme os clientes relataram a ela.

O motorista de Cabral, Pedro Ramos de Miranda, era uma das pessoas que ia à joalheria para pegar o cheque e entregar dinheiro. Miranda também teria feito isso para o ex-governador, assim como para ele mesmo.

A Operação Calicute identificou intensos contatos de Carlos Miranda com joalherias por quebra dos sigilos telemático telefônico do ex-assessor, apontado como operador de propinas de Cabral. Foi indicado que o homem de confiança do ex-governador "manteve intenso contato com funcionárias de famosas joalherias no Rio de Janeiro", que são a Antonio Bernardo, H.Stern e Sara Joias.

Sérgio Cabral e outros 12 investigados são acusados de se associarem para cometer corrupção e lavagem de dinheiro usando obras do governo do Estado que receberam recursos federais a partir de 2007.