Esquema na Braskem queria 'mensalão da nafta'
Alencar atuou na área petroquímica do grupo entre 1992 e 2007 e foi vice-presidente da Braskem. A nafta é a principal matéria-prima da gasolina, plásticos, tintas e borrachas. Em 2009, a Braskem (empresa hoje controlada pela Odebrecht) travava uma queda de braço com a fornecedora Petrobras em torno do preço do produto.
O objetivo era conseguir um preço mais baixo com a petroleira. Quem pilotava as decisões era Paulo Roberto Costa. Alencar contou que, depois de meses, chegou a uma fórmula financeira que agradava a Braskem e o contrato de fornecimento por dez anos foi fechado. A questão em aberto era a fatura da propina.
No esquema proposto por Costa e por seu padrinho político na época, José Janene (PP), ex-deputado morto em 2010, o que se pretendia estipular era um porcentual fixo sobre o volume de nafta comprado pela Braskem. "Foram meses de negociação para saber qual seria a remuneração", disse o delator. "O pessoal geralmente paga propina em obras finitas. A nafta seria durante anos. No começo da discussão, eles queriam fazer uma porcentagem, mas isso não existe. Então nós estabelecemos um valor fixo", contou Alencar. "Chegamos ao valor de US$ 12 milhões de propina."
Em 2009, quando o contrato foi aprovado, o pagamento da propina começou a ser feito em contas no exterior indicadas pelo doleiro Alberto Youssef.
De acordo com o ex-presidente da Braskem Carlos Fadigas, que também é delator, a fórmula de preço da nafta teria favorecido a petroquímica em até US$ 300 milhões. Em 2010, quando assumiu a presidência da Braskem, Fadigas disse que Paulo Roberto Costa lhe apresentou uma fatura de R$ 10 milhões que ainda teria a receber.
"A minha avaliação é de que a não realização do pagamento podia causar um prejuízo grave à Braskem", disse Fadigas. "Já tinha sido avisado que esse pagamento viria e que finalizava o que estava prometido."
Favores
A aprovação do contrato de nafta também envolveu outras cobranças de favores, segundo Alencar. Em 2012, o líder sindical e prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), teria cobrado contrapartida da Braskem por ter pressionado o governo a autorizar o contrato, disse o delator. Marinho foi ministro do Trabalho e tinha influência na região do Grande ABC, onde a Braskem tem um polo petroquímico.
"Ele nos ajudou na questão da nafta. Nós estávamos tendo enorme dificuldade com a Petrobras. Ele conversou com a própria Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil e presidente do conselho da Petrobras."
A Braskem, segundo o delator, deu R$ 450 mil em caixa 2 para a campanha de Luiz Marinho, sido pago em espécie.
Em nota, a Braskem informou que assinou "um acordo global de leniência que inclui todos os temas relativos às práticas impróprias no âmbito da Operação Lava Jato, pelo qual está pagando mais de R$ 3 bilhões em multas e indenizações". Luiz Marinho não foi encontrado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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