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Sem descanso do trabalho, pais mantêm filhos nas escolas durante as férias

Crianças brincam em escola maternal em São Paulo - Folhapress
Crianças brincam em escola maternal em São Paulo Imagem: Folhapress

Isabela Palhares

São Paulo

16/07/2017 10h28

As férias de julho ainda estão pela metade, mas, para alguns alunos de São Paulo, a rotina diária ficou muito parecida com a do restante do ano: acordam cedo e seguem para a escola. Como muitas famílias não têm com quem deixar os filhos, colégios particulares investem no período integral mesmo durante o recesso escolar. As unidades garantem que a programação é voltada para a diversão e descanso.

No Colégio Ítalo Brasileiro, em Moema, na zona sul de São Paulo, como no período de aulas, as crianças podem chegar às 7h e ficar até as 19H. O curso de férias - que também é oferecido em janeiro e dezembro - está aberto para todos os alunos de 1 ano e meio até os 11 anos e também para crianças de outras escolas. "Temos quase 90 inscritos, um aumento de 30% em relação ao ano passado. A maioria dos pais não consegue tirar férias no meio do ano e prefere que os filhos fiquem aqui, em vez de em casa, assistindo televisão", diz a coordenadora Thaís Bonfim.

O maior número de inscritos para o curso de férias tem entre 2 e 5 anos. Segundo Thaís, nessa idade as crianças ainda demandam mais atenção, têm mais energia e, por isso, os pais acham mais seguro e proveitoso deixá-las em um ambiente em que confiam, como a escola. "Montamos uma programação para que se sintam realmente de férias, com muitas brincadeiras, atividades temáticas, filmes e momento para descanso." Elas ficam sob a supervisão dos professores auxiliares e recebem almoço, lanche e jantar no local. Thaís diz que outra forma de tirar a "cara de escola" do ambiente é permitir que todas levem os próprios brinquedos e não precisem usar o uniforme.

Ana Carolina Voi, de 34 anos, diz que o curso foi um dos diferenciais que a ajudaram a escolher o Ítalo Brasileiro para os filhos de 2 e 4 anos. Gerente de relacionamentos em uma empresa de tecnologia da informação, ela não consegue tirar 30 dias seguidos de férias. "Precisava de um lugar de confiança e onde sei que eles vão se divertir, receber estímulos. Se ficassem em casa com uma babá, teriam poucas opções", diz.

Já no Colégio Passalacqua, na Bela Vista, região central, o curso de férias é exclusivo para as crianças que estudam em período integral e já está incluso nas mensalidades do ano. Neste mês, são 70 crianças, de 2 a 11 anos, inscritas para a programação, que começa às 7h30 e segue até as 17h30 e inclui atividades de artes, oficinas de culinária e passeios.

"Quando o pai busca o período integral, ele provavelmente vai precisar desse suporte da escola nas férias também. A gente sabe que a configuração das famílias é diferente, os familiares moram longe ou também trabalham e não podem ficar com as crianças. Além disso, muitos moram em apartamento, sem muita opção de lazer", diz a orientadora Paula Arruda.

Durante as férias, as crianças podem deixar suas bicicletas para pedalar na escola, levar brinquedos e têm liberdade para decidir quando querem encerrar uma atividade e começar a brincar. "É uma programação mais flexível, elas têm mais autonomia para escolher o que fazer. Afinal, estão de férias", conta Paula.

Vestibular

Em outras escolas, para alunos mais velhos, as férias também são uma chance de aprofundamento nos estudos para o vestibular. É o caso do colégio Albert Sabin, na zona oeste, que oferece um curso optativo de dez dias para quem está no 3.º ano do ensino médio. "Oferecemos aulas para recuperar habilidades em Português e Matemática ou um curso de aprofundamento para todas as disciplinas. O aluno pode escolher o que ele acha mais adequado", diz o coordenador Danilo Zanardi.

Dos 136 estudantes que estão no último ano, 105 fizeram as aulas neste ano. "O curso rende muito porque os alunos estão lá porque querem, então estão muito focados e atentos. Depois, têm 20 dias para descansar."