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Terapia é comum em centros da Europa e EUA

Fabiana Cambricoli

São Paulo

22/07/2017 10h25

Tecnologia ainda pouco utilizada no tratamento de transtornos psiquiátricos no Brasil, os equipamentos de realidade virtual são usados em maior escala em centros de saúde dos Estados Unidos e da Europa. O próprio governo americano investe na técnica para tratar veteranos de guerra que desenvolveram estresse pós-traumático.

"Eles criaram cenários para combatentes que estiveram no Iraque e no Afeganistão. Os softwares de lá são muito impressionantes. Reproduzem não apenas as cenas, mas também situações como o cheiro de combustível queimado, os ruídos característicos do ambiente, o local exato onde a bomba explodiu", conta Paula Ventura, professora associada dos Institutos de Psicologia e Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Trauma e Medo da instituição.

"O problema é que o desenvolvimento de tudo isso é muito caro", afirma.Segundo a especialista, os americanos têm, além dos óculos, estruturas que reproduzem até o movimento dos tanques de guerra nos casos das simulações de batalhas.Ainda nos Estados Unidos, os softwares também têm sido utilizados no tratamento de traumas dos sobreviventes dos atentados de 11 de setembro de 2001, quando as torres gêmeas do World Trade Center, na cidade de Nova York, foram atingidas por aviões comandados por terroristas.

Fora do Brasil, a técnica também é opção terapêutica para pacientes com fobias. Além de pacientes com medo de avião, são tratadas com a realidade virtual pessoas com fobia a animais e insetos e indivíduos com transtornos de ansiedade social, como os que provocam medo de falar em público.

Segundo Christian Kristensen, professor do programa de pós-graduação em Psicologia da PUC-RS, a tecnologia também está sendo estudada para tratar vítimas de agressão e abuso sexual. "À medida que esses dispositivos ficam mais verossímeis e mais baratos temos maior chance de utilizá-los para diferentes situações", afirma ele. "Antes, era algo caro e limitado. Hoje, vemos alguns centros no mundo usando até para transtornos alimentares e de ansiedade." / F.C.