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Volkswagen no Brasil 'desconhecia' funcionário nazista, diz historiador

Jamil Chade, Correspondente

Genebra

27/07/2017 15h01

Apesar de o historiador não responsabilizar a empresa por sua contratação, Stangl chegou a receber uma sugestão da multinacional para contratar um advogado quando ele foi detido em São Paulo em 28 de fevereiro de 1967. Isso ocorreu depois que Simon Wiesenthal, um reconhecido "caçador de nazistas", o denunciou às autoridades brasileiras.

O ex-comandante nazista acabou sendo extraditado para a Alemanha e, três anos depois, o Tribunal de Düsseldorf o condenou à prisão perpétua pelo assassinato de 400 mil pessoas. Em junho de 1971, porém, ele morreu, vítima de um enfarte.

A imprensa alemã, nesta semana, revelou ainda como o então chefe da Volkswagen do Brasil, Friedrich Wilhelm Schultz-Wenk, também havia enviado uma carta para a sede da empresa na Alemanha, depois da prisão do ex-oficiais da SS, para confirmar que não sabia do passado de Stangl. Schultz-Wenk, porém, havia sido membro do partido nazista em sua juventude.

Em uma entrevista ao Estado em maio de 2013, o delegado José Paulo Bonchristiano, do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (Dops-SP), apontou que a prisão havia sido realizada sob seu comando. "O pessoal diz que o Dops só prendia comunista. Nós prendemos o carrasco nazista Franz Paul Stangl", disse. "Eu que fiz a prisão dele, o carrasco nazista. Levei para Bonn, na Alemanha", completou.