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Obras perdem R$ 148 milhões para ônibus

Fabio Leite

São Paulo

28/07/2017 08h16

A gestão do prefeito João Doria (PSDB) retirou R$ 148,3 milhões previstos em obras de implementação de corredores e terminais de ônibus em São Paulo e na reforma do Autódromo de Interlagos para subsidiar a tarifa de ônibus em agosto. Isso porque o orçamento de R$ 1,8 bilhão destinado a suprir o déficit entre o custo do sistema e a receita com as passagens já acabou, faltando ainda cinco meses para o término do ano.

"Essa é a primeira (transferência de dinheiro). A partir de agora vai ter todo mês", resumiu o secretário municipal da Fazenda, Caio Megale. A expectativa é de que o gasto com subsídio tarifário chegue a R$ 3 bilhões neste ano, volume recorde - em 2016 foram R$ 2,5 bilhões. Isso significa que será preciso remanejar mais R$ 1 bilhão para cobrir o rombo do sistema de transporte municipal.

O decreto destinando mais verba para os ônibus foi publicado ontem pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (DEM), que está como prefeito interino por causa da viagem de Doria à China e da licença do vice Bruno Covas (PSDB).

A maior parte dos recursos foi retirada do orçamento de corredores de ônibus (R$ 70 milhões) e terminais (R$ 62,6 milhões), cujas obras estão suspensas desde a gestão de Fernando Haddad (PT) por falta de repasse de dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Enter elas estão a ampliação do Terminal Jardim Ângela, na zona sul, e a construção do Corredor Radial Leste 1, na zona leste.

"O governo federal já sinalizou, por causa da crise fiscal, que esses recursos não virão. Ou seja, esses obras dificilmente sairiam este ano. A origem do problema está no orçamento aprovado pela Câmara no ano passado, que reservou R$ 1,8 bilhão para subsídio do ônibus quando já havia gasto quase R$ 3 bilhões", afirmou Megale.

Déficit

Embora a tarifa de ônibus esteja congelada há 18 meses - Doria manteve o preço a R$ 3,80 neste ano -, Megale afirma que o déficit do sistema cresceu nos últimos anos por causa do aumento da política de gratuidades a estudantes e idosos.

Neste mês, a gestão Doria reduziu o horário de vigência do benefício do Passe Livre Estudantil para duas horas e até quatro embarques por dia para economizar R$ 70 milhões até o fim do ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.