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Escola faz até rifa para olimpíada estudantil

Isabela Palhares

São Paulo

20/08/2017 10h49

Depois de passarem por cinco etapas com mais de 48 mil candidatos e se classificarem para a final da Olimpíada Nacional em História do Brasil, alguns alunos enfrentaram um novo desafio: arrecadar dinheiro para custear a viagem até Campinas, no interior de São Paulo, onde ocorre a última etapa da competição, neste fim de semana. Eles emprestaram dinheiro de professores, fizeram rifas e pediram doação para os moradores de suas cidades.

É o caso da estudante Evelyn Costa, de 15 anos, do Instituto Federal de Mato Grosso, na cidade de Ponte Lacerda. Ela e outros dois colegas de equipe tiveram a ajuda de pais, professores e outros alunos da escola para fazer a viagem. "Todo mundo se mobilizou porque estavam muito orgulhosos da nossa conquista. Para mim, tem sido a realização de um sonho. Andei de avião pela primeira vez e conheci a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que é maior que a minha cidade."

A professora de História Manuela Arruda da Silva, de 34 anos, que dá aula para Evelyn, conta que o instituto participa desde 2010 da competição e chega à final pela sexta vez. Nos anos anteriores, a unidade custeava a viagem dos estudantes com a verba que recebe do Ministério da Educação (MEC) para assistência estudantil. Neste ano, com a redução do recurso, não foi possível pagar os custos.

"Campinas é uma cidade muito cara para os nossos padrões, mas nós, professores e a diretora, fizemos um esforço e tiramos dinheiro do próprio bolso porque acreditamos que seja um investimento para o futuro desses alunos. Não é um gasto."

O Instituto Federal de Roraima também teve três equipes selecionadas para a final e os alunos fizeram rifa, pediram doações aos colegas e emprestaram dinheiro da diretora. "A escola toda ajudou, então, essa é uma conquista de todo mundo", afirmou Rafaela Pereira, de 32 anos, professora de História.

Cristina Meneguello, coordenadora do evento, diz que a competição sofreu redução no repasse do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Eles receberam R$ 150 mil - no ano passado o valor foi de R$ 200 mil. A verba é insuficiente até para bancar as passagens das equipes com maior pontuação.

Das 307 equipes de todo o País selecionadas para a final, 203 são de três Estados do Nordeste - 66% do total. Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia foram os que tiveram o maior porcentual de equipes selecionadas. "Desde a primeira edição, esses Estados sempre se destacam na quantidade de inscritos e de finalistas. Há valorização desse tipo de atividade", diz Cristina. Procurado para comentar a redução de recursos, o MEC não se posicionou até anteontem.