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Em Paris, Doria diz que é 'prefeito global' para justificar agenda de viagens

Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil
Imagem: Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil

Pedro Venceslau

Em Paris

01/09/2017 13h31

Em seu primeiro evento na capital francesa, nesta sexta-feira (1º), o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), se definiu como "prefeito global" e garantiu que não pretende reduzir seu ritmo de viagens. O tucano foi questionado por jornalistas locais e correspondentes se a intensa agenda de viagens nacionais e internacionais acontece na condição de pré-candidato à Presidência da República em 2018. Doria negou, mas deixou em aberto sua intenção de concorrer.

"Viajo e continuarei a viajar. Sou um prefeito global. Quem gosta de política miúda e personalista é o PT. Prefiro fazer política mais ampla", disse o tucano, após fazer uma palestra no Global Positive Fórum.

No começo de seu discurso no evento em Paris, Doria foi interrompido por uma manifestante brasileira que ergueu um cartaz escrito "Fora, Temer" e gritou em francês palavras de ordem "contra o golpe de Estado no Brasil".

Nos arredores do local onde ocorre fórum, um pequeno grupo de brasileiros distribuiu um panfleto em francês chamando o tucano de "higienista" e criticando a ação da prefeitura na Cracolândia, área que concentra dependentes químicos no centro de São Paulo.

Durante coletiva de imprensa, duas brasileiras questionaram o prefeito como se fossem jornalistas. Doria chegou a bater boca com as duas: "A senhora precisa estar melhor informada", respondeu o tucano.

Alckmin tem direito de ser candidato, mas quem decidirá isso é o povo

Um dia após o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defender enfaticamente a intenção de concorrer à Presidência da República, Doria afirmou que seu padrinho político --e adversário velado na disputa interna tucana pela candidatura ao Planalto-- tem todo o direito de anunciar a sua intenção, mas que o povo é quem vai decidir quem será o melhor candidato.

Quando questionado se a declaração do governador, que disse na quinta-feira (31), em uma agenda pública, que pretende ser "o candidato do povo brasileiro", o prefeito respondeu: "Geraldo tem todo direito de anunciar que vai disputar a Presidência da República, mas os tempos caminham. Aprendi com Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso que a melhor decisão referente à candidatura vem do povo."

Doria e Alckmin usam o "povo" como arma para conquistar a vaga. Enquanto o governador paulista afirma querer ser o candidato do "povo brasileiro", com a intenção de não ter sua imagem vinculada à elite política tradicional, Doria vê nas pesquisas eleitorais a saída para viabilizar sua caminhada ao Planalto.