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'Impeachment foi um trauma e trouxe divisão no Brasil', diz Barroso nos EUA

O ministro do STF Luís Roberto Barroso em seu gabinete em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro do STF Luís Roberto Barroso em seu gabinete em Brasília Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Ricardo Leopoldo

Washington

08/09/2017 16h17

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luis Roberto Barroso comentou nesta sexta-feira (8) em palestra proferida em Washington, que o processo que levou ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff foi traumático e dividiu os brasileiros. "O impeachment foi um trauma e trouxe divisão no Brasil", acrescentou Barroso, que não quis dar uma avaliação pessoal sobre o processo que levou à destituição de Dilma.

O ministro declarou que não fala sobre política e não se pronuncia a respeito do presidente Michel Temer (PMDB), ou sobre os ex-presidentes petistas: Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma. Disse, porém, ser seu papel proteger e melhorar as instituições. "A corrupção não é invencível. Não podemos ficar sem coragem para fazer o necessário", afirmou.

Barroso também evitou comentar o conteúdo da conversa gravada entre o empresário Joesley Batista e o ex-diretor da JBS Ricardo Saud, que pode fazer com que os delatores da holding J&F percam a imunidade penal concedida no acordo de delação premiada firmado com a Procuradoria-Geral da República. "Como juiz, não tenho opinião", disse.

Sistema eleitoral

O ministro do Supremo disse ainda ver dificuldades com o sistema eleitoral brasileiro para a escolha de deputados, que, segundo ele, "gera resultados ruins". "Precisamos melhorar a representatividade do parlamento", afirmou.

Barroso defendeu a adoção do sistema distrital misto, que está em discussão no Congresso e pelo qual o eleitor tem que votar duas vezes: no candidato de seu distrito e outra em uma lista fechada de nomes. Ele também apoia a cláusula de barreira, que reduziria o número de partidos, e o fim das coligações.

De acordo com o ministro, o sistema eleitoral no Brasil é muito caro. "O sistema em lista eleitoral não funciona e não presta contas à sociedade", disse, emendando que, com o sistema em lista, "o eleitor não sabe no fundo em quem votou". Ainda na avaliação dele, o sistema partidário no Brasil tornou-se um negócio privado.

Em Washington, para palestra no Brazil Institute no Wilson Center, o ministro do STF afirmou ainda que "é preciso redimensionar Estado e fazer as reformas da Previdência e trabalhista".