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Ex-secretário de Paes e mais dez são denunciados na Lava Jato do RJ

25.mai.2012 - Francisco Dorneles (PP), vice-governador do RJ, Alexandre Pinto, ex-secretário municipal de Obras, e Eduardo Paes, em inauguração em Madureira - Luiz Ackermann/Agência O Globo
25.mai.2012 - Francisco Dorneles (PP), vice-governador do RJ, Alexandre Pinto, ex-secretário municipal de Obras, e Eduardo Paes, em inauguração em Madureira Imagem: Luiz Ackermann/Agência O Globo

Do Rio

13/09/2017 07h47

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro contra Alexandre Pinto, ex-secretário de Obras da gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB) e outras dez pessoas.

Todos são investigados por suposta participação em esquema que teria desviado R$ 36 milhões de obras públicas.

A Procuradoria da República denunciou o grupo por corrupção e lavagem de dinheiro. A defesa do ex-secretário não foi localizada pela reportagem. As informações são do jornal "Estado de S.Paulo".

Cobrança de propina

Alexandre Pinto e os demais investigados foram presos pela Polícia Federal em 3 de agosto, durante a Operação Rio 40º, uma das fases da Lava Jato no RJ. De acordo com o MPF, o ex-secretário cobrou 1% de propina em cima de contratos de obras na gestão de Paes, que governou a cidade entre 2009 e 2016.

Nesse período, narra a denúncia, Pinto teria exigido de empreiteiras o pagamento de cerca de R$ 36 milhões. As vantagens ilícitas foram obtidas no âmbito da construção do BRT Transcarioca, corredor de ônibus erguido para os Jogos Olímpicos de 2016, e nas intervenções para despoluição da bacia de Jacarepaguá, na zona oeste da capital.

Leia também: PMDB replicou 'taxa de oxigênio' da gestão Cabral em esquema na Prefeitura do Rio, diz Lava Jato

Do montante de R$ 36 milhões solicitados, R$ 27 milhões foram pedidos na construção do BRT Transcarioca, e R$ 9 milhões, no Programa de Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá. Segundo o MPF, os valores não chegaram a ser depositados integralmente.

Lava Jato chega na Prefeitura do Rio

Essa foi a primeira vez que as investigações chegaram à Prefeitura do Rio. Até então, as irregularidades apuradas na Lava Jato no RJ se limitavam a obras e desvios no âmbito federal e, sobretudo, nos contratos do governo do Estado, durante gestão do também peemedebista Sérgio Cabral (preso desde novembro do ano passado).

Além de Alexandre Pinto, que esteve à frente da Secretaria de Obras nas duas gestões do peemedebista, também foram cumpridas ordens de prisão contra fiscais da pasta e outros suspeitos que participavam do esquema.

No dia da operação, o ex-prefeito Eduardo Paes afirmou que não estava "preocupado" com a prisão de seu ex-secretário e com a possibilidade de ser atingido por uma eventual delação premiada. "Não me preocupo com isso", afirmou ele.

O ex-prefeito também disse que estava "triste e envergonhado" com os indícios de corrupção na Secretaria Municipal de Obras. Declarou ainda que "confiava muito" em Alexandre Pinto. "Ele era um quadro técnico e servidor público. Com experiência. Escolha minha", disse.

O peemedebista afirmou, na ocasião, que não estava pensando sobre possíveis consequências da ação policial em sua carreira política. "Agora é aguardar a investigação", disse. Sobre a declaração dos procuradores de que havia indícios de que o esquema poderia ter sido usado em outras obras do município, Paes afirmou: "Espero que não".