Forças Armadas cogitam interromper ajuda ao Rio por atrito com secretaria
O Ministério da Defesa cogita suspender a Operação O Rio Quer Segurança e Paz devido a desentendimentos com a Secretaria de Segurança do Rio. Recentes críticas de integrantes da Seseg à ação das tropas federais no Estado desagradaram o comando das Forças Armadas, segundo apurou a reportagem. A irritação poderia levar à paralisação ou ao fim da colaboração, que foi até objeto de campanha publicitária do governo federal em emissoras de televisão.
Oficialmente, o Comando Militar do Leste afirma que o trabalho conjunto continua. A Seseg elogia o "exitoso histórico" das ações.
A declaração que gerou mais mal-estar na Defesa foi do chefe da Polícia Civil, Carlos Leba. Ele disse que as Forças Armadas estariam atrapalhando o sucesso das operações integradas, pelo modo do órgão atuar ser diferente.
O secretário de Segurança, Roberto Sá, declarou que preferia ajuda financeira para a segurança à ação das forças federais. Essa fala também foi mal recebida pelos militares. A possibilidade de encerramento da colaboração foi revelada pelo jornal carioca "O Globo" e confirmada pelo "O Estado de S. Paulo".
Com o desconforto no comando da Defesa, o ministério avalia se compensa gastar cerca de R$ 50 milhões para a permanência no Rio, além de mobilização de milhares de homens, se a secretaria estadual avalia mal o trabalho.
As declarações dos chefes da Seseg também foram vistas como "ingratidão" já que, segundo fontes de Brasília, tudo foi feito atendendo a pedido do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Por isso, o Ministério da Defesa cogita paralisar a força-tarefa até que seja feito um "freio de arrumação" do plano com a Secretaria de Segurança. Medida provisória publicada no dia 4 de setembro autorizou o aporte de R$ 47 milhões de recursos para a ação, e o decreto de 28 de julho, o emprego das Forças Armadas para Garantia da Lei da Ordem no Rio.
Até agora, houve três operações integradas entre Forças Armadas e as polícias Civil e Militar do Rio. Os resultados das apreensões de armas e prisões foram considerados modestos. Não houve, por exemplo, apreensão de fuzis, embora o uso desse tipo de arma tenha se tornado corriqueiro entre criminosos do Rio, que os usam até para assaltar farmácias e bares. Há suspeita de vazamento prévio de informações para os bandidos.
O que dizem os militares e o governo do RJ
Em nota, o Comando Militar do Leste afirma que o Plano Nacional de Segurança está em vigor e "permanece em condições de realizar o planejamento e a coordenação de ações integradas, mediante solicitação da Secretaria de Estado de Segurança, e aguarda provimento de recursos orçamentários para o desencadeamento de novas operações".
Já a Secretaria de Segurança afirmou, também por meio de nota, que deflagrou, no último mês, três grandes operações integradas, que viabilizaram a prisão de 88 pessoas. Nelas, as polícias Civil e Militar atuaram nas comunidades no cumprimento de mandados, as Forças Armadas ficaram responsáveis pelo cerco no entorno das áreas e garantindo a ordem.
"A ação das Forças Armadas nas operações se soma a um extenso e exitoso histórico de ações integradas com a Seseg", afirmou, no texto.
A secretaria informou ainda que a Força Nacional também realiza operações de combate ao roubo de cargas. "Somados ao reforço da Polícia Rodoviária Federal nas estradas, o esforço das forças de segurança impacta positivamente nos indicadores de criminalidade".
O texto prossegue com avaliação otimista dos resultados das ações integradas. "Dados parciais do mês de agosto mostram que os roubos de cargas vêm apresentando redução em 2017 desde o mês de maio. Quando consideramos os delitos pela data do fato, a redução entre maio e agosto é de 27%. Cinco delegacias distritais responderam por quase 2/3 da redução observada entre esses meses --21ª DP (Bonsucesso), 39ª DP (Pavuna), 40ª DP (Coelho Neto), 26ª DP (Lins de Vasconcelos) e 58ª DP (Posse)", informa a nota da Seseg.
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