Para Barroso, é preciso concluir investigações antes de 'virar a página'
Na quarta-feira, 20, o plenário do STF decide se acata recurso da defesa do presidente Michel Temer (PMDB) que pede suspensão da análise da segunda denúncia contra o peemedebista até que novos áudios de delatores do grupo J&F juntados aos autos sejam totalmente analisados. A denúncia contra Temer chegou ao STF na quinta-feira, 14, mas o relator, ministro Edson Fachin, já havia decidido que o plenário deve dar a última palavra sobre a solicitação dos advogados de Temer.
O ministro do STF destacou que a corrupção que houve no Brasil não foi fruto de alguns equívocos pessoais e envolveu diversas esferas da sociedade, como a iniciativa privada e partidos políticos, se tornando um fenômeno que se irradiou a ponto de ser naturalizado. "Foi um pacto oligárquico de saque ao Estado, que envolveu a iniciativa privada", disse o ministro.
Apesar da gravidade do quadro, o ministro do STF afirmou não ter se deixado contaminar pela onda de negatividade que atingiu o País. "Derrotamos a ditadura, a inflação, a pobreza extrema. Não há por que achar que a corrupção seja um desafio que não possamos vencer. A fotografia do momento brasileiro pode não ser particularmente inspiradora, mas gostaria de dizer que o filme é um filme bom. E se nós acertamos o passo vai ter um final feliz", afirmou.
Esse combate à corrupção, na visão de Barroso, não passa por uma excessiva tipificação de delitos, mas com uma educação de qualidade, distribuição justa de renda e um debate democrático de qualidade. "Não sou uma das pessoas que têm visão punitiva da vida, porém um direito penal absolutamente ineficiente, incapaz de enfrentar o colarinho branco criou um País de ricos delinquentes em que as pessoas são honestas ou desonestas se quiserem. É essa página que temos que virar", afirmou.
O ministro também falou da necessidade de se buscar uma mudança de patamar ético, público e privado, e de ao mesmo tempo evitar o que chamou de "Estado policial". "É preciso evitar Estado policial, mas o Estado que pune o empresário que paga propina para ganhar licitação não é Estado policial, mas de justiça", destacou.
"Estamos enfrentando essa imensa crise ética, imensa crise política e imensa crise econômica, mas minha fé é que esse seja um momento de refundação do País", disse.
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