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Lula encerra caravana colocando em xeque acusações contra ex-aliados

Em 2010, o então governador Cabral foi a Brasília para encontro com Lula acompanhado de seu vice, seu sucessor no cargo, Luiz Fernando Pezão (sentado) - Alan Marques/Folhapress
Em 2010, o então governador Cabral foi a Brasília para encontro com Lula acompanhado de seu vice, seu sucessor no cargo, Luiz Fernando Pezão (sentado) Imagem: Alan Marques/Folhapress

Constança Rezende

No Rio

09/12/2017 07h54

Em seu último dia de caravana pelo Rio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer críticas à Operação Lava Jato e ao juiz federal Sergio Moro. Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz do Paraná, Lula fez de sua passagem pelo Estado um palanque para ataques contra as investigações de corrupção pelo País, chegando a colocar em xeque as acusações contra os ex-governadores fluminenses Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus.

"O Rio não merece a crise que está passando. Não merece ter governadores presos porque roubaram. Eu nem sei se isso é verdade, porque não acredito em tudo o que a imprensa fala. É importante investigar, saber a verdade", disse Lula.

Em visita ao câmpus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Lula atacou o instrumento da delação premiada, um dos pilares da Lava Jato e fez críticas ao governo Michel Temer (PMDB).

"Vamos ver: onde está morando o Paulo Roberto (Costa, primeiro delator da Lava Jato)? Onde está morando o Sérgio Machado (ex-presidente da Transpetro que também fez acordo)? Onde estão morando as pessoas que prestaram delações? Estão fumando charuto cubano, tomando conhaque e rindo da nossa cara, quem está f... é o trabalhador", disse.

"Estão jogando a culpa da miséria do País na Previdência Social", afirmou Lula, que ainda disse que o presidente Michel Temer "não é um presidente, é um instrumento do poder financeiro brasileiro".

Durante sua passagem pelo Rio, Lula colocou em prática parte da narrativa que pretende adotar na campanha eleitoral. O ex-presidente dosou o tom contra a Lava Jato misturando elogios ao combate à corrupção e culpando a operação por parte da crise econômica do País.

"A Lava Jato fez um trabalho extraordinário, ela está conseguindo recuperar R$ 1,4 bilhão, mas ela significou um prejuízo ao País de R$ 140 bilhões. O juiz Moro e o Ministério Público têm que saber que se alguém nesse País brigou contra a corrupção foi o PT", afirmou Lula, para uma plateia de estudantes, professores e funcionários da universidade.

Com Lula, estavam o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, cotado para concorrer pelo PT ao governo do Rio, e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Procurado quando participava de uma solenidade na Petrobras, Moro recusou-se a comentar as declarações do ex-presidente. Afirmou que não comentava posições de condenados.

Triplex

Referindo-se à sentença em que foi condenado por Moro em julho por corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo o triplex no Guarujá (SP), Lula alegou ter sido injustiçado.

"Moro viu que o apartamento não era meu, que não teve dinheiro da Petrobras, mas mesmo assim me condenou. Até testemunha de acusação, o Leo Pinheiro da OAS, o máximo que ele falou era que o Lula sabia, mas na audiência anterior falou que não sabia", disse.

As declarações de Lula contradizem a decisão do juiz que viu materialidade na acusação do MPF (Ministério Público Federal), que afirmou que o imóvel estava destinado ao ex-presidente como parte da propina desviada da Petrobras.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

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