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Grupo excluiu candidatos 'extremistas' ao financiar novas lideranças políticas

O empresário Eduardo Mufarej durante apresentação do Renova Brasil - Jorge Araujo/Folhapress
O empresário Eduardo Mufarej durante apresentação do Renova Brasil Imagem: Jorge Araujo/Folhapress

Gilberto Amendola

Em São Paulo

15/12/2017 10h28

O processo seletivo do movimento RenovaBR, fundo criado por um grupo de empresários para financiar o surgimento de novas lideranças políticas, excluiu candidatos com perfil "extremos" tanto da direita quanto da esquerda. Entre os idealizadores do grupo estão o empresário Eduardo Mufarej, o publicitário Nizan Guanaes, o economista Arminio Fraga e o apresentador e empresário Luciano Huck.

O grupo, que propõe custear o aprimoramento político por meio de bolsas aos escolhidos de R$ 5 mil a R$ 12 mil, optou por selecionar participantes ainda sem forte identidade partidária.

A maioria ou não tem partido ou está filiada a legendas menores como Rede, Novo, Livres, PSOL e outros. Poucos postulantes se declararam filiados ao PSDB e, até agora, avaliadores não identificaram simpatizantes do PT e PSTU. A ideia da seleção é arejar o ambiente político e "interromper o Fla x Flu" eleitoral.

Dos 4 mil inscritos no processo, apenas 173 passaram para a fase de bancas presenciais - que estão ocorrendo agora em São Paulo e no Rio - até o momento. A ideia é afinar esse número até que permaneçam 150 futuros nomes que possam ser candidatos ao Legislativo.

Os aprovados vão passar por um programa de formação que será realizado entre janeiro e julho de 2018. No programa, que prevê 240 horas de aulas presenciais e a distância, temas como liderança, inovação, marketing e funcionamento político. Os candidatos também terão acompanhamento por um coaching durante o processo.

No ato da inscrição, os interessados responderam a um questionário em que precisavam se posicionar sobre valores morais. Um dos enunciados, por exemplo, afirmava: "Os valores da família tradicional e da congregação religiosa são bases para uma sociedade saudável". Para essa questão, o candidato teria de assinalar uma alternativa entre seis possíveis, que variavam gradativamente entre "concordo completamente" e "discordo completamente".

"Com esse tipo de questão, já na primeira fase, eliminamos os radicais e extremistas de direita ou esquerda", disse Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, um dos 25 avaliadores que estão participando da banca.

Banca

Além de Meirelles, o corpo de avaliadores é composto por Eduardo Mufarej, cofundador do RenovaBR, os cientistas políticos Humberto Dantas, Marcelo Issa e Glauco Peres. E membros de ONGs e movimentos cívicos, como Patricia Ellen (do Agora! - movimento próximo a Luciano Huck); Ilona Szabó, (diretora executiva do Instituto Igarapé); Celso Athayde (da Frente Favela Brasil) e Adriana Barbosa, do Instituto Feira Preta.

Entre os avaliadores existe um político com mandato, o vereador Gabriel Azevedo (PHS-MG), que aos 31 anos está em seu primeiro mandato. "Não existe nenhuma tentativa de doutrinação nas nossas escolhas", afirmou o cientista político Humberto Dantas.

Segundo os avaliadores ouvidos pela reportagem, parte considerável dos postulantes ainda não tem filiação partidária. Os candidatos à bolsa já podem ter concorrido em outras eleições, mas não podem ter exercido mandatos.

Embora existam candidatos de todas as idades, a predominância é mesmo dos jovens - principalmente das Regiões Sul e Sudeste. Mufarej tem salientado ao longo do processo que os bolsistas e candidatos não receberão financiamento da RenovaBR e terão liberdade para escolher seu partido. As contrapartidas pedidas são: caso eleitos, prezar pela transparência e cumprir o mandato. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".