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'Ele não poderia nunca estar dirigindo', diz vítima de atropelador

Valdinei tomava uma cerveja num quiosque quando foi atropelado no calçadão - Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Valdinei tomava uma cerveja num quiosque quando foi atropelado no calçadão Imagem: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Roberta Pennafort

Rio

19/01/2018 12h45

Pintor desempregado, Valdinei de Lima Nascimento, 33, tomava uma cerveja num quiosque da praia de Copacabana, na noite desta quinta-feira (18), quando foi atropelado no calçadão. Ele tinha acabado de cumprir a função que tem como bico: ajudar um barraqueiro com barracas e cadeiras usadas pelos banhistas.

"Quebrei a clavícula, não consigo andar, levei pontos no rosto. Mas acho que nasci de novo, podia ter morrido, como o bebezinho", disse, nesta sexta-feira (19), enquanto esperava a mãe para buscá-lo no Hospital Miguel Couto, no Leblon.

Nove vítimas do atropelador, Antonio Anaquim, ainda estão internadas. Entre elas estão um bebê de 2 anos e crianças de 7 e 10 anos. O carro atingiu 17 pessoas, matando um bebê de 8 meses.

A mãe da menina foi com o marido reconhecer o corpo da filha no Instituto Médico Legal nesta manhã de sexta-feira, 19. Abalada, não conseguiu sequer sair do carro em que foi levada. "Tiraram meu bebê de mim", chorava.

Entre os feridos, o caso mais grave é de um turista de 68 anos, da Austrália, que respira com ajuda de aparelhos. As demais vítimas tiveram fraturas nas pernas, traumas na face e escoriações.

Anaquim disse ter tido uma ataque epiléptico ao volante. Uma mulher que o acompanhava confirmou que ele teve um ataque no veículo e desmaiou. O motorista deverá responder por homicídio culposo, segundo a Polícia.

O calçadão estava lotado, por ser período de férias e fazer muito calor. "Foi muito rápido, não deu para entender. Estava sentado tomando cerveja e, de repente, no chão. Mas vou superar. Pior foi para as crianças e bebês. Foi muito pânico", contou Nascimento.

"Ele nunca poderia estar dirigindo se tem epilepsia. É uma irresponsabilidade, ninguém tem nada com isso", criticou o pintor. Ele está com um dos joelhos muito inchado, pela pancada. Ele está desempregado há um ano e agora se preocupa com os documentos e os pertences que deixou para trás no calçadão com o atropelamento. "Ficou tudo lá. Perdi os documentos, mas fiquei com a vida".

A reportagem não conseguiu entrevistar a defesa de Anaquim. O espaço está aberto para manifestação.

Câmera grava o momento em que carro invade calçadão

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