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'O estatismo não levou a lugar nenhum. o modelo fracassou', diz bispo Rodovalho

Ricardo Galhardo e Paulo Beraldo

São Paulo

29/04/2018 08h01

Presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab), entidade que congrega as principais igrejas neopentecostais do País, e fundador da Sara Nossa Terra, comunidade evangélica com 1,2 milhão de fiéis, o bispo Robson Rodovalho afirma que a orientação da entidade é apoiar candidatos comprometidos com políticas econômicas liberais como o rigor fiscal e o Estado mínimo. Segundo ele, no entanto, para os evangélicos, as pautas morais religiosas como a questão de gênero, aborto e combate às drogas têm, no mínimo, o mesmo peso que as grandes questões nacionais como economia, saúde, educação e segurança. "Não adianta oferecer o paraíso econômico e o inferno do ponto de vista social", disse ele.

O sr. foi procurado por pré-candidatos a presidente em busca de apoio eleitoral? Quais?

Fui procurado por alguns, não por todos, sempre perguntando sobre o que esperamos de um presidente, quais as possibilidades de um eventual apoio. Queremos debater, somos cidadãos, não somos cristãos alienados nem fora da realidade.

A confederação tem alguma orientação para estas eleições?

Tem sim. Uma delas é procurar candidatos afinados com nossas bandeiras e valores não apenas do ponto de vista do desenvolvimento econômico. É claro que o estatismo não levou a lugar nenhum. Alguns Estados não têm dinheiro para pagar a folha de pagamento, rodar seu caixa. O modelo de gestão atual fracassou e a primeira providência, a nosso ver, seria trazer candidatos comprometidos com o liberalismo econômico e a livre-iniciativa.

Como é a negociação com os presidenciáveis para serem apoiados pela igreja?

Quem apoia não é a igreja. A igreja é uma instituição democrática que tem famílias que apoiam candidatos diversos. É natural ter pessoas que apoiem candidatos mais alinhados à esquerda ou à direita.

Que pautas devem ser defendidas pelos candidatos para conseguirem seu apoio?

O Brasil tem que ter capacidade de inverter esse discurso de dependência social para o de expectativa de produtividade e crescimento individual. Hoje a expectativa do brasileiro é depender de um Bolsa Família que, em essência, não é de todo ruim. Mas é incompleto. Procuramos candidatos que tenham essa visão e ao mesmo tempo se alinhem às nossa bandeiras e valores como família, vida e proteção aos princípios que estão na Bíblia.

Quais propostas o sr. repele?

Não cabem para nós propostas como as que temos vivido, que invertem a ordem social, criam um clima de conflito muito grande na sociedade. Hoje vivemos uma sociedade muito conflituosa, um País dividido e isso é resultado de militâncias que acirram a sociedade em visões radicais e também antinaturais. Então, não cabe trazer para a gente qualquer proposta que mude o conceito de família natural, homem e mulher, qualquer militância de gênero, doutrinar as crianças. Alguns desses aspectos para nós estão muito amadurecidos do ponto de vista filosófico.

Qual o peso de pautas como a questão de gênero, aborto, drogas no voto dos eleitores evangélicos? É maior do que temas como economia, segurança, educação, saúde?

Essas pautas de gênero, combate às drogas e aborto têm um voto muito pesado, tem muita importância para os evangélicos na hora de votar. Não sei se é maior do que a questão econômica. Mas pelo menos é igual. Não adianta oferecer o paraíso econômico e o inferno do ponto de vista social.

O sr. vai integrar a coordenação da pré-campanha de Flávio Rocha?

Sim. Eu estou dentro da campanha do Flávio Rocha porque ele é membro da nossa igreja e alinha muito com nossas proposituras. Nossa expectativa é de que o Flávio tenha oportunidade de apresentar sua identidade e submeter isso à sociedade brasileira. Depois iremos ver para onde vamos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.