Óculos para vencer agulhas
O administrador Daniel Libretti, de 42 anos, conta que vacinar a filha Laura, de 7 anos, sempre foi trabalhoso. A menina precisa ser segurada por várias pessoas e chora muito. Por isso, os pais recorriam à recompensa: se tomar vacina, ganha sorvete. "Sempre tinha escândalo. Olhava para a agulha e travava", diz Libretti. Em março, Laura foi se vacinar contra febre amarela e os óculos de realidade virtual foram oferecidos. "Fluiu naturalmente. Ela saiu da experiência contando a história para a mãe. Qualquer outra coisa não distrai. Já tentamos mostrar vídeos no celular, mas os óculos de realidade dão uma visão periférica", contou ele.
Laboratórios começaram a adotar o equipamento de um ano para cá. É o caso do Delboni Auriemo do Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, onde Libretti levou Laura. O local é o primeiro da rede a oferecer o equipamento para coleta de sangue, punção e vacina. A ideia é expandir para as outras unidades.
Coordenadora da sede de Itaim-Bibi, Fabieni Pongeluppi explica que a experiência também funciona por ser em um ambiente lúdico: a sala de coleta é toda coberta de adesivos, de personagens do Scooby-Doo!. "Os óculos fazem com que o momento seja uma experiência encantadora. Não é que diminua a dor, claro. A criança vai sentir dor, mas vai ser um momento diferente. Vai distrair. As mães ficam super felizes", diz ela.
Pé atrás. Já Guilherme Amorim, de 7 anos, foi levado pela mãe, a farmacêutica Fernanda Amorim, de 33, para uma coleta de sangue no Delboni. Ele até aceitou colocar o equipamento e se empolgou com o vídeo de dinossauros, mas ao sentir o algodão no braço, rapidamente retirou os óculos. "No começo, deu para distrair. Mas ele ficou inseguro por não ver o que acontecia. Em uma próxima, quem sabe?"
Desde junho, o laboratório Hermes Pardini também adotou os óculos, mas só para vacinação. A coordenadora Melissa Palmieri diz que o procedimento tem maior aceitação com os óculos. Mas, segundo ela, não é toda criança que gosta de usá-los no momento do exame. Ela estima que aproximadamente 15% fiquem inseguros em ser "picados" sem observar o que acontece, como Guilherme. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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