Calor eleva risco de desertificação no Nordeste
O alerta será feito nesta quinta-feira, 20, por um grupo de pesquisadores brasileiros, liderado por José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que estimou os impactos das mudanças climáticas no Nordeste até o final do século.
Num pior cenário, em que o mundo não consiga cumprir o Acordo de Paris e o aquecimento passe de 4°C, pode ocorrer uma tendência acentuada de aridização da região. O acordo estabelece esforços de todos os países para conter o aumento da temperatura a menos de 2°C até o final do século.
Com o clima mais quente, a área em condições de seca extrema pode alcançar metade da região. "No pior ano de seca do período recente, em 2012, a área que ficou em condição de seca extrema foi de cerca de 2%. Até o final do século, em um cenário de 4°C, 51% poderiam ser afetados por essas secas extremas", disse o climatologista Carlos Nobre, um dos autores do estudo.
Nesse processo, regiões hoje cobertas por vegetação típica do Cerrado, como se observa em parte do Maranhão, do Piauí e da Bahia, podem se tornar Caatinga. E até mesmo áreas de Mata Atlântica poderiam se transformar em semiáridas. De acordo com os autores, secas hoje consideradas intensas seriam a norma já na segunda metade do século. "Se não tivermos sucesso com o Acordo de Paris, podemos ver uma expansão da região semiárida, com alguns locais sujeitos a secas muita intensas", complementa Nobre.
Os dados do trabalho, que ainda não foi publicado, serão apresentados em evento no Ministério do Meio Ambiente (MMA) que vai reativar a Comissão Nacional de Combate à Desertificação, responsável por promover a Política Nacional de Combate à Desertificação.
A pesquisa avalia ainda os impactos sobre o processo de desertificação, que já ocorre na região independentemente das mudanças climáticas, e tem a ver com a retirada da vegetação nativa - a Caatinga. Sem ela, o solo fica exposto e sujeito a erosões quando vem a chuva.
"Isso tira a camada superior, restando somente um solo rico em metais. E aí pode chover o quanto for que a vegetação não volta. Com as mudanças climáticas, essas condições para a desertificação podem aumentar", diz o pesquisador.
Recuperação
Para o combate desse processo, o ministério deu início no começo do ano a um projeto de implementação das chamadas Unidades de Recuperação de Áreas Degradadas (Urads). Os resultados também serão apresentados nesta quinta-feira.
O plano, em parceria com ONGs locais, é recuperar vegetação e nascentes, criar mecanismos de adaptação e oferecer uma alternativa econômica para as comunidades em áreas em vias de desertificação. Segundo a pasta, 15% do território nacional, onde vivem 37 milhões de pessoas, enfrenta o fenômeno.
Segundo Valdemar Rodrigues, diretor do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável e de Combate à Desertificação do MMA, hoje há 12 Urads em andamentos em seis Estados (MA, PI, CE, PE, BA e SE). Cada uma envolve 30 famílias. Até o momento foram investidos R$ 4,5 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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