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Oito em cada 10 dizem que cresceu número de crianças usando álcool e drogas em SP

Juliana Diógenes

São Paulo

09/10/2018 12h37

Na percepção da maioria dos moradores de São Paulo, a cidade hoje tem mais crianças e adolescentes usando álcool e drogas, pedindo dinheiro e morando na rua do que no ano passado.

Para 82% dos residentes da cidade, aumentou o número de crianças e adolescentes consumindo drogas e álcool. Outros 76% percebem crescimento desse público pedindo dinheiro e 73% relatam ter subido o número de crianças e adolescentes moradores de rua. Metade (51%) tem visto mais deles trabalhando.

Na semana em que se comemora o Dia das Crianças, a Rede Nossa São Paulo divulgou números da pesquisa Viver em São Paulo com foco nos pequenos. Foram entrevistadas 800 pessoas entre os dias 15 de agosto e 3 de setembro no município de São Paulo.

Segundo Américo Sampaio, gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, o resultado sobre percepção de aumento do consumo de álcool e drogas não deixa claro se as crianças e adolescentes são aqueles em situação de vulnerabilidade social ou as que têm bebido e usado drogas em festas na rua - como pancadões e eventos da classe média.

"Fato é que oito em cada dez paulistanos falam que isso está aumentando. Isso mostra que as pessoas estão olhando com preocupação em relação à exposição ao uso de álcool e drogas. O paulistano está altamente preocupado com essa situação e respondendo por uma perspectiva bastante pessimista. Percebe que está aumentando muito, mas a impressão que passa é que o paulistano não vê saída ou alternativa ao problema", afirma.

Pensando no uso que crianças e adolescentes fazem dos espaços públicos, a qualidade de centros culturais e bibliotecas tem melhor avaliação, enquanto parquinhos públicos a pior.

Na avaliação do estudo, o resultado mostra que "numa cidade em que a maioria das crianças e adolescentes faz uso de ensino público, é preciso que o município esteja pronto para atendê-los de forma adequada no âmbitos educacional e cultural."

"Há um problema de oferta. Esses equipamentos estão todos concentrados na região central. E há um problema de manutenção em especial nos equipamentos mais abertos. Se a criança fosse priorizada, esses parquinhos seriam os primeiros a ter a manutenção garantida", afirma.

Para 41% dos entrevistados, os parquinhos públicos foram classificados como ruins ou péssimos. Já as quadras poliesportivas foram avaliadas como negativas por 32% - praças e parques, por 33%.

"É preciso que se pense com bastante seriedade quais são as políticas de acesso alternativas, as oportunidades culturais, educacionais, de emprego e renda. Como essas crianças que têm consumido mais álcool e drogas, têm morado na rua, têm trabalhado, conseguem acesso a outros tipos de atividade que não essas?", questiona o gestor.

De acordo com o levantamento, a maioria das crianças e dos adolescentes em São Paulo estuda na rede pública de ensino: 71%. Outros 21% estão matriculados em escola particular.

Mapa da desigualdade

Na opinião de Sampaio, há um problema de distribuição dos equipamentos públicos. O Mapa da Desigualdade da Rede Nossa São Paulo revela que, dos 96 distritos, 37 não têm nenhum exemplar de livro infanto-juvenil disponível em bibliotecas públicas.

Além disso, 53 distritos não têm nenhum centro cultural ou casa de cultura e outros 43 não dispõem de teatro.