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Prefeitura realizará escoramento de viaduto; não há prazo para conclusão

Leonardo Pinto, Igor Moraes, Paula Felix e Priscila Mengue

15/11/2018 21h22

Um viaduto cedeu e provocou a interdição do trânsito na pista expressa da Marginal do Pinheiros, próximo ao Parque Villa-Lobos e à Ponte do Jaguaré, por volta das 3h30 da madrugada desta quinta-feira, 15. Ao menos cinco veículos passavam pela via no momento do incidente, mas não houve registro de feridos graves.

De acordo com a Defesa Civil Estadual, uma das placas que sustentam o viaduto cedeu. O descolamento entre as partes da estrutura provocou um desnível e formou uma espécie de "degrau" de quase dois metros no viaduto. As autoridades ainda investigam as causas do ocorrido. O Corpo de Bombeiros também foi acionado para acompanhar a ocorrência.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) visitou pela manhã o local do acidente. Segundo ele, o viaduto foi vistoriado há quatro meses e não havia sinal de problemas. O secretário das Prefeituras Regionais, Marcos Penido, afirmou que o problema é pontual: "A questão foi em uma junta de dilatação e não deu aviso. Não há trincas".

Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo informou que a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras (Sirub) realizará o escoramento do viaduto para que sejam feitos "ensaios para apurar as causas do acidente e dar início às obras de recuperação". Segundo Penido, será feito o escoramento da estrutura do viaduto, usando macacos hidráulicos. "Temos de escorar para segurar toda essa carga do viaduto, para tirar os pedaços e identificar as causas e as soluções", disse. Não há prazo para a conclusão do trabalho.

Segundo a Companhia da Engenharia de Tráfego (CET), os carros estão sendo desviados para a pista local para o sentido Interlagos/Rodovia Presidente Castelo Branco. O desvio começa na Ponte Transamérica e vai até a Ponte do Jaguaré. O viaduto é uma continuação elevada da pista expressa da Marginal Pinheiros. A construção passa em cima da Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que não terá sua funcionalidade afetada. Não há previsão de quando a via será liberada.

"Todas as vias do entorno, como (as avenidas) Pedroso de Morais, Dr. Gastão Vidigal e Professor Fonseca Rodrigues, estão sendo estudadas. Também estamos verificando a necessidade de mexer na oferta de ônibus na região", afirma o secretário municipal de Mobilidade e Transportes João Octaviano.

Essas três vias estão sendo indicadas pela CET como alternativas para chegar à Rodovia Ayrton Senna ou acessar a Ponte dos Remédios.

Para quem está chegando à cidade pelas rodovias Anchieta, dos Imigrantes, Régis Bittencourt e Raposo Tavares, a orientação é utilizar o Rodoanel Governador Mário Covas e Rodovia Presidente Castelo Branco.

Quem mora no extremo sul da cidade e vai para o centro, deve seguir pelas avenidas Interlagos, Washington Luís, Moreira Guimarães, Rubem Berta, 23 de Maio, acessar o Túnel Anhangabaú e seguir pela avenida Prestes Maia.

No sentido Santo Amaro, também na zona sul da capital, a recomendação é utilizar as avenidas Senador Teotônio Vilela, Atlântica, Largo do Socorro e Avenida Washington Luís.

A companhia também traçou trajetos para quem vai sair do litoral para a cidade. "Motoristas provenientes da Rodovia dos Imigrantes (Santos/São Paulo) podem seguir pela Avenida Professor Abraão de Morais, à direita na Rua Pedroso Lousano (sob o viaduto Aliomar Baleeiro) sentido Complexo Viário Maria Maluf, Avenida Presidente Tancredo Neves e Avenida das Juntas Provisórias, onde o motorista pode optar por acessar a Ave Luiz Ignácio de Anhaia Melo e Avenida Salim Farah Maluf chegando à Marginal Tietê e rodovias."

Outra opção dada pela CET seguir pela Avenida do Estado até a Marginal Tietê junto à Ponte das Bandeiras em direção à Rodovia Castelo Branco.

"Quanto aos motoristas provenientes da Rodovia Anchieta (Santos/São Paulo) com direção à Rodovia Castelo Branco, é possível acessar à direita na Avenida das Juntas Provisórias e seguir tanto pela Avenida do Estado quanto pela Avenida Luiz Ignácio de Anhaia Melo, conforme desvio acima", informa.

Prefeitura alega que vistoria em pontes e viadutos não identificou 'riscos estruturais'

De acordo com a gestão Covas, a Siurb realiza vistorias periódicas nos 185 viadutos e pontes da capital paulista e nessas análises não foram constatados riscos estruturais. O prefeito afirmou que o Programa de Recuperação de Pontes e Viadutos foi suspenso na gestão anterior e retomado no ano passado.

"Elencamos 33 pontes e viadutos prioritários para poder fazer uma manutenção preventiva, ou seja, não há nenhum risco nesses viadutos hoje." Segundo Covas, neste mês, o edital para fazer a vistoria nesses pontos foi liberado pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) e a expectativa é de que em três meses a empresa seja contratada e o serviço, retomado. O viaduto que cedeu não está nesta lista.

Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) afirmou que "passados quase dois anos e a atual administração ainda não aprendeu a lidar com a cidade de São Paulo". "Atribuir alguma responsabilidade à gestão anterior é no mínimo irresponsabilidade. De acordo com a própria Defesa Civil estadual, as placas do viaduto sofreram dilatação, o que provocou o desnível", diz a nota.

Segundo a gestão Covas, os locais prioritários de manutenção foram definidos em conjunto com o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco). São eles: Ponte Jânio Quadros, Ponte Freguesia do Ó, Ponte Cidade Universitária, Ponte Eusébio Matoso, Ponte Eng. Roberto Rossi Zuccolo, Ponte Cruzeiro do Sul, Ponte do Limão, Ponte do Tatuapé, Ponte Aricanduva, Ponte da Casa Verde, Ponte das Bandeiras, Ponte e Viaduto Presidente Dutra, Viaduto Elias Nagin Brein (da Lapa), Viaduto Naor Guelfi, Viaduto Miguel Mofarrej, Viaduto Pacheco Chaves, Viaduto General Olimpio da Silveira, Viaduto Alberto Badra, Viaduto Carlos Ferraci, Viaduto Alcântara Machado, Viaduto Brigadeiro Luiz Antônio, Viaduto Gal. Euclides Figueiredo, Viaduto Gal. Marcondes Salgado, Viaduto Gal. Milton Tavares de Souza, Viaduto Jabaquara, Viaduto João Julião C. Aguiar, Viaduto Major Quedinho, Viaduto Paraíso, Viaduto Pedro de Toledo, Viaduto Washington Luiz, Viaduto Grande São Paulo, Viaduto Gazeta do Ipiranga e Complexo Mackenzie.

Depoimento

A CET diz que alguns carros acabaram passando pelo viaduto e se acidentaram. Apesar de não haver vítimas nem feridos, a jornalista e youtuber Raissa Andrade foi ao Twitter reclamar da situação.

Seu pai, o analista de sistemas Ronaldo Andrade, estava sozinho transitando pela via quando o carro desabou e bateu toda a parte da frente, por causa do desnível do viaduto. Segundo ela, em entrevista à reportagem, o pai está bem e não ficou ferido. "Eu não estava junto, mas ele disse que está bem e que ninguém que estava nos outros veículos se feriu. Só o carro mesmo que ficou destruído", lamenta a jovem.