Cubanos reclamam de abandono do Ministério da Saúde
"A partir de segunda-feira estaremos desempregados, sem saber ao certo o que será de nossas vidas", afirmou a médica cubana Esther Carina Mena. Na última terça-feira, um grupo de médicos cubanos enviou ao Ministério da Saúde uma carta pedindo informações sobre como proceder e se há garantia de que poderão continuar no programa. "Não recebemos resposta. Estamos por nossa conta e risco", disse Esther, que trabalha em Içara (SC) desde 2014.
A promessa inicial do governo era a de que o grupo poderia participar de um edital destinado a profissionais formados no exterior, com publicação esperada para a próxima semana. Nesta quinta-feira, 22, no entanto, o ministério disse que o edital foi adiado. A previsão é de que seja publicado só em dezembro, depois de concluída a seleção de brasileiros, que têm prioridade no preenchimento de vagas.
Casada há dois anos com um morador da Içara, Esther disse estar disposta a participar do edital. "Mas não sabemos se haverá vagas disponíveis", afirma ela, que já trabalhou em Honduras, Guatemala e Venezuela. "Desde formada, nunca fiquei desempregada. Sabe o que vai ser ver toda essa população que atendia e não fazer nada? Não poder atender?"
A vaga ocupada por Esther já foi incluída no novo edital. Na mesma situação estão os demais cubanos que trabalham no programa. "A escolha é: voltar para Cuba e ter emprego garantido ou ficar aqui, com a família que constituímos e não ter ocupação garantida."
Nesta semana, ministro Gilberto Occhi havia afirmado que cubanos receberiam assistência para ficar no Brasil. "O que isso significa, se nos é tirado o emprego?", disse um médico cubano à reportagem, sob condição de anonimato. "Já suspeitava que o apoio poderia ser só um discurso. Mas, agora, com o adiamento do edital, começo a ter certeza e a pensar mais seriamente em voltar para Cuba."
O médico Ramon Burgos, que desde 2014 trabalhava em Sorocaba (SP), não voltará a Cuba porque se casou com uma brasileira e pretende usar essa condição para adquirir a cidadania. "Estou procurando um trabalho para meu custeio e para ajudar minha família, enquanto espero para fazer o Revalida (exame de validação do diploma de médico obtido no exterior)."
Governo
Em nota, o ministério afirmou que a decisão de permanência no País é individual. Logo após o anúncio de Cuba que deixaria o Mais Médicos, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), prometeu asilo político a todos os cubanos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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