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Mãe de adolescente morto em ação policial durante o carnaval pede justiça

José Maria Tomazela

07/03/2019 21h17

A dona de casa Mara Galhardo, de 38 anos, mãe do estudante Gabriel Henrique Alves Galhardo, de 16 anos, morto durante intervenção da Polícia Militar para separar uma briga no carnaval de São Luiz do Paraitinga, na terça-feira, 5, disse que vai lutar por justiça. Conforme testemunhas, Gabriel morreu após receber um golpe de cassetete na cabeça, desferido por um policial. "Há testemunhas que viram tudo, ele não fez nada e foi agredido. Espero justiça. Nada vai trazer ele de volta, mas confio que o agressor do meu filho vai pagar", disse.

Gabriel, que morava com a família em Taubaté, completaria 17 anos no dia 1º de abril. "Ele estava cheio de planos, feliz com a sua vida, feliz com as muitas amizades que fez. Basta ver as manifestações nas redes sociais", disse. Segundo ela, o filho nunca se envolveu em ações violentas. "Amigos que estavam com ele disseram que ele não entrou na briga. O policial errou ao bater nele." Após receber o golpe, Gabriel caiu e bateu a cabeça. Ele foi levado a um hospital da cidade, mas não se recuperou.

Jovem morre após ação da PM em carnaval de São Luiz do Paraitinga

Gabriel Galhardo, de 16 anos, foi morto durante intervenção da PM em briga, no carnaval de São Luiz do Paraitinga Foto: Arquivo familiar

Mara, que tem uma filha de 7 anos, pediu ajuda ao advogado Flávio Bonafé para acompanhar o caso. "A Polícia Civil está fazendo um bom trabalho de investigação e já identificou o policial que agrediu o Gabriel. Testemunhas afirmam que ele não participou da briga. Os policiais não fizeram distinção, bateram geral. Vamos apresentar à polícia outras duas pessoas, uma delas deficiente física, que também sofreram agressões dos policiais naquela noite", disse Bonafé.

Nesta quinta-feira, 7, a mãe de Gabriel foi contatada também pelo advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), órgão vinculado ao governo do Estado, que acompanha o caso. "Ainda estamos requisitando algumas informações, mas há claros indícios de que a cacetada que ele teria recebido do policial, se não foi a causa direta, foi decisiva para a morte. No mínimo, ele deve ser afastado durante as investigações. Não interessa uma polícia violenta, que não faz distinção entre criminosos e pessoas inocentes, como esse adolescente", afirmou.

O ouvidor das Polícias de São Paulo, Benedito Mariano, informou ter aberto procedimento de apuração. A ouvidoria já requisitou peças da investigação à corregedoria da Polícia Militar e à Polícia Civil. A Polícia Militar informou que os policiais foram chamados a intervir no carnaval, na Praça do Coreto, por causa de uma briga generalizada entre os foliões. Segundo a PM, um Inquérito Policial Militar (IMP) foi instaurado para apurar o caso. A corregedoria da Polícia Militar também abriu uma investigação.