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Família leva 4 horas até descobrir que adolescente estava entre vítimas em Suzano

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Fabiana Cambricoli

14/03/2019 14h46

Foram quatro horas de angústia e informações desencontradas até que a família de Douglas Murilo Celestino, de 17 anos, recebesse a notícia que não queria: o aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Raul Brasil era uma das vítimas do atentado da manhã de ontem em Suzano, na Grande São Paulo.

Douglas foi baleado na cabeça e socorrido ao Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, mas, no momento do resgate, estava próximo ao RG de outro aluno e foi identificado como José Victor.

Mais ou menos no mesmo horário, por volta das dez horas, um tio de Douglas, professor em outra escola de Suzano, começava a ser informado pelos alunos de um ataque no colégio próximo. "Não conseguia mais dar aula porque os alunos começaram a receber mensagens, fotos e vídeos no WhatsApp", conta Robson Belchior Chaves, de 42 anos. "Quando deu 11 horas, minha esposa me ligou falando que estava com a mãe do Douglas e que ele não atendia o celular", diz.

Aí começou a via-crúcis da família. Primeiro seguiram ao colégio e foram informados de que o aluno tinha sido socorrido ao hospital de Mogi das Cruzes. Chegando lá, como o estudante havia sido identificado como José Victor, a família retornou a Suzano sem uma pista de onde o garoto estava.

A família tentou novamente contatar o jovem pelo celular. "Só que dessa vez foi uma funcionária do hospital que atendeu o telefone e pediu que a gente fosse para lá", conta Chaves. Por volta das 14 horas, a família retornou ao centro de saúde e foi informada sobre a morte.

Segundo tios do adolescente, Douglas, embora tivesse muitos amigos na escola, havia pedido recentemente à família para ser trocado de colégio. "Estava tendo muitos casos de indisciplina, bagunça e ele era mais tranquilo, um menino muito dócil", diz Chaves.

Evangélico, Douglas, além da escola regular, fazia aulas de informática e de futebol. Ao terminar o ensino médio, no final deste ano, pretendia tentar ingressar no curso de computação em uma universidade.

Fã de videogames, costumava ir à casa do amigo Gustavo, de 16 anos, para jogar. O colega escapou por pouco dos atiradores. "Ele cruzou com um dos atiradores quando estava correndo, pulou o muro da escola para fugir e correu para casa. Só machucou um dedo da mão. Foi um livramento de Deus", conta o pai de Gustavo, o corretor de imóveis José Roberto Oliveira Santos, de 49 anos. "Ele chegou em casa, me ligou e disse 'pai, aconteceu uma tragédia, eu escapei por um milagre, mas acho que o (Douglas) Murilo não conseguiu'."

Os dois jovens eram amigos desde os cinco anos e estudavam na mesma sala. "Ele vivia lá em casa. Meu filho está em choque", diz Santos.