'É imoral e inadmissível', diz relator da ONU sobre intenção de comemorar golpe
O relator também ressaltou que é dever de autoridades e da sociedade como um todo rejeitar ações similares. "Tentativas de revisar a história e justificar ou relevar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo. As autoridades têm a obrigação de garantir que tais crimes horrendos nunca sejam esquecidos, distorcidos ou deixados impunes", afirmou.
Para Salvioli, a impunidade aos envolvidos é fortalecida a partir do momento em que atribui-se um novo significado ao período da ditadura militar. "Quaisquer ações que possam justificar ou relevar graves violações de direitos humanos durante a ditadura reforçariam ainda mais a impunidade que os perpetradores desfrutam no Brasil, e enfraqueceriam a confiança da sociedade nas instituições públicas e no estado de direito".
A Anistia Internacional também se posicionou nesta sexta-feira a respeito da mobilização do poder Executivo em comemorar a data do golpe militar. "Celebrar um período marcado por violações de direitos humanos não é condizente com o papel de altas autoridades de um país. Espera-se de um presidente e seu vice-presidente que garantam políticas de memória, verdade, justiça e reparação às vitimas, sobreviventes e suas famílias", afirma a Diretora Executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck. Ela também define que a atitude tomada por Jair Bolsonaro é "preocupante".
Entenda
Próximo de completar seu aniversário de 55 anos, o golpe militar de 31 de março de 1964, que estabeleceu uma ditadura durante 21 anos no Brasil, voltou ao debate no poder Executivo após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que o presidente da República, Jair Bolsonaro, orientou quartéis ao redor do País a comemorarem a "data histórica" do ocorrido.
A informação foi confirmada posteriormente pelo porta-voz do Planalto. Na quarta-feira, o teor do texto que será lido nos quartéis em 31 de março foi divulgado pelo Ministério da Defesa, citando "lições aprendidas" com o período e justificando a tomada de poder pelos militares.
Após ampla repercussão, em 28 de março, Bolsonaro afirmou que falou em "rememorar" o golpe de 64, e não em comemorar.
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