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Toffoli adia julgamentos sobre homofobia e descriminalização da maconha

Dias Toffoli, presidente do Supremo - Dida Sampaio - 13.fev.19/Estadão Conteúdo
Dias Toffoli, presidente do Supremo Imagem: Dida Sampaio - 13.fev.19/Estadão Conteúdo

Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo

Brasília

30/05/2019 16h44

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, anunciou nesta quinta-feira (30) que vai retirar da pauta do dia 5 de junho o julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.

Em dezembro do ano passado, Toffoli havia marcado para essa data a continuidade do julgamento, mas com a pauta do Supremo congestionada, decidiu que a discussão será retomada em outro dia, a ser definido.

O julgamento sobre o tema foi interrompido em setembro de 2015, quando o então ministro Teori Zavascki pediu mais tempo para analisar o caso. Depois da morte em acidente aéreo de Teori, em janeiro de 2017, o ministro Alexandre de Moraes "herdou" a vista.

Até agora, os ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso já votaram a favor da descriminalização da maconha.

Na abertura da sessão desta quinta-feira, Toffoli informou que precisaria fazer ajustes na pauta das sessões plenárias do Supremo devido à longa discussão sobre a necessidade de aval do Congresso para a realização de privatizações de empresas estatais.

A previsão é que a análise do tema, que atinge diretamente os interesses da Petrobras, se estenda por duas sessões. Com o julgamento sobre privatizações, Toffoli procura pacificar a questão e garantir maior segurança jurídica ao ambiente de negócios do país.

Homofobia

Toffoli anunciou que o julgamento sobre a criminalização da homofobia, também marcado para o dia 5 de junho, deverá ser retomado no dia 13 de junho. Seis ministros já votaram para que a discriminação contra homossexuais, bissexuais e transexuais seja enquadrada como crime de racismo até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.

As discussões sobre homofobia e descriminalização da maconha sofrem resistência de setores do Congresso, entre eles a bancada evangélica e o PSL, este último partido do presidente Jair Bolsonaro. Pela manhã, Toffoli participou de café da manhã com Bolsonaro e a bancada feminina no Congresso.

Os dois adiamentos ocorrem em um momento em que o Supremo é acusado de atropelar o Congresso e legislar sobre temas controversos. Toffoli também tem pregado a harmonia entre os poderes e procurado fechar um "pacto" com Bolsonaro e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por reformas para melhorar o quadro econômico brasileiro.