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Há 50 anos, atlas de educação sexual chegava às escolas da Alemanha

Camila Tuchlinski

São Paulo

14/06/2019 12h55

Na Alemanha de 50 anos atrás, a educação sexual já estava nas escolas. O primeiro atlas para esclarecimento sobre o tema foi distribuído em junho de 1969 nos colégios da então Alemanha Ocidental.

No Brasil, falar de sexualidade ainda é um tabu. Muitos pais têm receio de tocar no assunto com os filhos porque não foram treinados para isso. É aí que surge a insegurança.

Intitulada como "Sexualkunde-Atlas" (em português, Altas de educação sexual), a publicação alemã, editada pela Central Federal para Esclarecimento de Saúde (BZgA na silga em Alemão) gerou polêmica na época. Para muitos pais, educar crianças e adolescentes sobre sexo era "atravessar a linha vermelha" da moral.

Enquanto isso era discutido no Ocidente, na Alemanha Oriental, sob governo comunista, esse tema era abordado de forma menos inibida desde 1959.

A pedagoga e pesquisadora sexual Renate-Berenike Schmidt, de Freiburg, lembra que só em alguns Estados alemães ocidentais, como em Hessen, existiam regulamentos relativos à educação sexual. "Esclarecimento não estava em primeiro plano. Tratava-se de educação e modéstia", afirmou em entrevista para a Deutsche Welle. O tema quase sempre ficava sob responsabilidade dos professores de religião ou até padres.

Ainda que exista uma avalanche de informações na internet, para 80% dos jovens alemães consultados pelos órgãos de saúde do país, a principal forma de se obter informações sobre sexo, contracepção ou gravidez é por meio das aulas com o atlas nas escolas. Para os meninos, segundo a pesquisa, essa foi até a principal fonte de esclarecimento.

A relatora para fomento da saúde e prevenção na conferência dos ministros da Educação da Alemanha, Beate Proll, considera a educação sexual nas escolas mais importante do que nunca. "Retificar aquilo que as redes sociais apresentam de forma distorcida. E sempre enfatizar que o que se vê nos sites pornôs da internet ou em outras mídias, por exemplo, não é uma representação fiel de amor e sexualidade, nem um ponto de referência verdadeiro", ressaltou. Para ela, o cenário ideal seria a combinação da educação clássica ao aprendizado social da sexualidade.