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'Bolsonaro faz e fala o que vem na cabeça', diz cientista político

Naiara Albuquerque, especial para AE

São Paulo

16/06/2019 13h35

O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antonio Carvalho Teixeira, afirmou neste domingo, 16, que a postura do presidente Jair Bolsonaro de se meter em "bolas divididas", como no caso da demissão de Joaquim Levy, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pode levar o governo a perder protagonismo em questões como a reforma da Previdência.

"Não sabemos o futuro do governo desse jeito. O governo perdeu capacidade de articulação e a impressão que tenho é que o protagonismo em relação à reforma da Previdência vai sair do Congresso e não do governo", afirmou Teixeira ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "Me parece que o governo não tem capacidade de trabalhar com o consenso, além de ser pouco talhado a conviver em um ambiente democrático."

Para o cientista político, o governo "está caminhando desse jeito para dialogar com um público ainda mais reduzido, de extrema-direita". "Esse é um movimento contraditório e revela que o presidente faz e fala o que vem em sua cabeça", comentou.

Levy pediu demissão da presidência do BNDES neste domingo, após ser criticado Bolsonaro por conta da nomeação de Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais no banco. Incomodado com a escolha, Bolsonaro disse que Levy estaria "com a cabeça a prêmio".

Barbosa Pinto trabalhou como assessor no BNDES entre 2005 e 2007, no governo PT, fato que irritou Bolsonaro. O próprio Levy foi ministro da Fazenda durante o governo Dilma Rousseff.