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Delatores de acordos homologados no STF devolveram R$ 1,1 bi, diz Dodge

Raquel Dodge, procuradora-geral da República - AFP
Raquel Dodge, procuradora-geral da República Imagem: AFP

São Paulo

24/06/2019 19h12

O total de R$ 1,1 bilhão foi ressarcido aos cofres públicos, resultante de acordos de delação premiada firmados pelo Ministério Público Federal e homologados pelo Supremo Tribunal Federal.

Esse valor, extraído do Simco (Sistema de Monitoramento de Colaborações), inclui multas já quitadas e bens que foram "alvo de perdimento" --quando o delator perde a propriedade em favor dos entes lesados pela ação criminosa. As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

As multas somam R$ 737,2 milhões, e os perdimentos alcançam R$ 385,6 milhões, entre montantes em moedas estrangeiras --que estavam ocultas em paraísos fiscais-- e objetos, como joias, imóveis e veículo, apreendidos pela Justiça por terem sido comprados com dinheiro ilícito.

O Ministério Público Federal afirma que esse montante não inclui acordos de leniência firmados por empresas ou colaborações homologadas em outras instâncias judiciais.

Na opinião da procuradora-geral, Raquel Dodge, o balanço dos acordos de colaboração é um avanço proporcionado pelo Simco. O sistema permite o controle e a fiscalização do cumprimento das cláusulas de todos os termos que tramitam na PGR.

"Com o sistema, o cumprimento das condições e dos prazos estabelecidos nos acordos tem sido feito à risca, elevando a eficiência da atuação do Ministério Público Federal contra a corrupção e na devolução do dinheiro desviado aos cofres públicos", ressalta a procuradora.

Até aqui, R$ 437,66 milhões recuperados pelos acordos de colaboração homologados pelo Supremo já foram restituídos aos entes lesados.

Desse montante, a Petrobras recebeu a maior parte, R$ 193,8 milhões, seguida da União e da Transpetro, que receberam R$ 157,9 milhões e R$ 79,9 milhões, respectivamente.

Ao todo, 217 delatores acertaram acordos com o Ministério Público Federal e tiveram os termos homologados pela Suprema Corte.

Atualmente, 31 estão inadimplentes e somam dívidas de R$ 120,8 milhões.

Na última semana, a procuradora-geral enviou ao Supremo 32 manifestações indicando providências a serem tomadas para garantir o efetivo cumprimento de acordos e cobrar eventuais dívidas de colaboradores com a Justiça.

"É imperativo cobrar do colaborador a devolução dos valores desviados, seja os que estão no Brasil, seja os que se encontram no exterior, além do pagamento na multa penal", afirma Raquel.

A maior parte das petições refere-se a ex-executivos da Odebrecht. Também integram a lista nomes ligados à construtora OAS, além de ex-parlamentares.