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PT paulistano afirma que deve apresentar candidato próprio na eleição de 2020

Ricardo Galhardo

São Paulo

26/06/2019 16h16

A executiva municipal do PT de São Paulo enviou nota à direção nacional do partido reafirmando a disposição de ter candidatura própria à Prefeitura da capital nas eleições do ano que vem.

A nota é uma reação à reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na semana passada que aponta a possibilidade de o PT não ter candidato próprio à Prefeitura de São Paulo pela primeira vez desde que foi fundado, em 1980.

Segundo a nota enviada na terça-feira, 25, o Congresso de Direções Zonais do PT paulistano realizado nos dias 31 de maio e 1º de junho deliberou pela realização de caravanas com os pré-candidatos com o objetivo de consolidar uma candidatura própria "numa frente em aliança contra os golpistas e (Jair) Bolsonaro".

O PT da capital também pede diálogo da direção nacional em relação às estratégias para 2020. Na semana passada, o Estado revelou que a direção nacional do PT fez um balanço preliminar das eleições do ano que vem segundo o qual o próprio partido avalia que deve crescer nas cidades com mais de 200 mil eleitores, mas tem candidaturas competitivas em apenas quatro capitais: Recife (PE), Fortaleza (CE), Rio Branco (AC) e Manaus (AM).

Aliança

Em conversas com lideranças de partidos de centro-esquerda que foram visitá-lo em Curitiba, onde está preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma aliança nacional com PSB, PDT, PCdoB e PSOL na qual o partido que tiver o candidato com mais chances de vitória receberia apoio dos demais.

Na avaliação do PT, os três nomes colocados até agora para a disputa da Prefeitura de São Paulo (Jilmar Tatto, Carlos Zarattini e Paulo Teixeira) têm poucas chances. O partido tentou outros nomes como o do ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que recusou, e da professora Ana Estela Haddad, mulher do ex-prefeito Fernando Haddad, que também recusou.

Alguns petistas gostariam de ter o próprio Haddad como candidato, mas o ex-prefeito resiste. Diante do quadro, dirigentes passaram a cogitar apoio ao ex-governador Márcio França (PSB) ou ao líder do Movimento dos Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Os outros partidos que poderiam compor uma aliança com o PT também têm estratégias próprias. O PCdoB deve lançar candidato (Nádia Campeão ou Orlando Silva) como parte do esforço nacional para vencer a cláusula de barreira. O PDT tenta convencer a deputada Tábata Amaral a disputar a prefeitura.

O PT da capital vai seguir a estratégia de tentar viabilizar um nome competitivo, mas lideranças do partido admitem que a decisão virá de Curitiba.

Leia a íntegra da nota:

À Presidenta Nacional do PT Companheira Gleisi Hoffmann,

O Diretório Municipal do PT de São Paulo recebeu com preocupação a matéria do Jornal "O Estado de São Paulo" do dia 22/06/2019, com o título "PT cogita não ter candidato à Prefeitura de São Paulo em 2020", porque realizamos nos dias 31/05 e 1º/06 de 2019, o IV Congresso das Direções Zonais - Paulo Freire, com a presença de 387 delegados e 56 convidados, que deliberaram a seguinte resolução:

"Neste ano de 2019 o DM deverá abrir a discussão de um calendário através das Caravanas dirigidas a nossa base social, para construir uma plataforma e apresentar a nossa pré-candidatura à Prefeito(a) e a chapa de pré-candidatos(as) a Vereadores(as)."

E também "Por isso, o PT da Capital deve apresentar candidatura própria, numa frente em aliança contra os golpistas e Bolsonaro, com uma política de alianças que priorize o povo de São Paulo, especialmente as periferias e a classe trabalhadora."

Sabemos que o Diretório Nacional ainda não constituiu um GTE, mas se o DN ou outra instância tem qualquer posicionamento sobre ter ou não candidatura própria na eleição municipal de São Paulo, a instância municipal deveria ter sido ouvida para privilegiarmos o diálogo sobre o tema.

O Diretório Municipal do PT de São Paulo vem desde 2017, dialogando com os Partidos e as forças políticas da Capital para construir uma oposição ao Governo Municipal e Estadual do PSDB, Doria e Covas e ao Governo Bolsonaro, construindo uma frente ampla tanto para fazer a defesa do companheiro Lula, como para construção do processo eleitoral de 2020. Reafirmamos a importância do diálogo e temos certeza que a Direção Nacional concorda com nossa posição.