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Bolsonaro: Diretor-geral da PF é subordinado a mim, não ao Moro

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro - Fátima meira/Futura Press /Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro Imagem: Fátima meira/Futura Press /Estadão Conteúdo

Julia Lindner

Em Brasília

22/08/2019 10h43Atualizada em 22/08/2019 14h39

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a reforçar hoje que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, é subordinado a ele, e não ao ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro. Bolsonaro não descartou a possibilidade de eventualmente trocar o chefe da PF.

A Polícia Federal fica dentro do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, chefiado por Moro.

"Se eu trocar (o diretor-geral da PF) hoje, qual o problema? Está na lei que eu que indico e não o Sergio Moro. E ponto final", declarou Bolsonaro em conversa com jornalistas, pela manhã. "Ele (Valeixo) é subordinado a mim, não ao ministro. Deixo bem claro isso aí. Eu é que indico. Está bem claro na lei", declarou.

Questionado se há, de fato, intenção de trocar o chefe da PF, Bolsonaro respondeu que, se o fizer, será "na hora certa". "Hoje eu não sei. Tudo pode acontecer na política", respondeu ao ser questionado se existe a possibilidade de troca nesta quinta-feira.

Ontem, o presidente afirmou ser um mandatário que pode "interferir mesmo" em alguns órgãos federais se for preciso. Hoje, reforçou o posicionamento dizendo que supostas ingerências são, na sua visão, uma forma de "mudança".

"Quero que se combata a corrupção, que façam as coisas da melhor maneira possível. Eu não estou acusando ninguém de fazer nada errado. Mas a indicação é minha. Por isso elegeram o presidente da República. Se não pudesse ter ingerência, interferência - para mim é mudança -, seria mantido o anterior, o cara que foi nomeado antes iria ficar até morrer", disse.

Ele reclamou de uma "onda terrível" que teria ocorrido após trocas nas superintendências da PF - que se intensificou com o anúncio do presidente sobre a saída do superintendente do Rio em coletiva de imprensa.

"Agora há uma onda terrível sobre superintendência. Onze (superintendentes) foram trocados e ninguém falou nada. Sugiro o cara de um Estado para ir para lá e dizem 'está interferindo'. Espera aí. Se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral. Não se discute isso aí", afirmou.

"Se é para a não interferência, o diretor anterior, que é o que estava lá com o (ex-presidente Michel) Temer, tinha que ser mantido. Ou a PF agora é algo independente? A PF orgulha a todos nós, e a renovação é salutar, é saudável. O Valeixo pode querer sair hoje. Não depende da vontade dele", reforçou Bolsonaro.