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Bolsonaro diz que declaração do presidente da França é 'desfaçatez'

Mateus Vargas

Brasília

22/08/2019 21h06

Em transmissão nas redes sociais nesta quinta-feira, 22, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez uma crítica indireta ao presidente da França, Emmanuel Macron, por declaração do francês sobre incêndios na Amazônia.

Sem citar Macron, o presidente do Brasil disse que "um país" falou da "nossa Amazônia". Bolsonaro classificou a declaração como uma "desfaçatez" e questionou se o país estaria interessado "em você, brasileiro, ou em conseguir um dia um espaço para ele" na região.

Mais cedo, nas redes sociais, o presidente francês, Emmanuel Macron, escreveu que a "nossa casa está queimando", em referência aos incêndios, e fez um apelo para que participantes da próxima reunião do G-7 discutam o tema.

No Twitter, Bolsonaro disse que a sugestão do presidente francês "evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI". Bolsonaro disse lamentar que Macron busque "instrumentalizar" o assunto do Brasil e de outros países amazônicos para "ganhos políticos pessoais". "O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema", disse Bolsonaro.

Queimadas

O presidente disse ainda que o governo está discutindo solução para o "crime" que está sendo cometido em queimadas na Amazônia. Bolsonaro pediu que denúncias de incêndio criminoso na região sejam direcionadas ao perfil no Twitter do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.

"Qualquer denúncia o pessoal da região da Amazônia pode fazer (no Twitter do ministro). Se tiver suspeita ou certeza que há pessoas identificadas que estão tocando fogo de forma criminosa, botem aqui", disse Bolsonaro.

O presidente voltou a sugerir que ONGs são responsáveis pelas queimadas. Segundo Bolsonaro, se ele tivesse demarcado mais reservas indígenas, "ninguém estaria falando em queimada na Amazônia".

Bolsonaro disse que pessoas ligadas a ONGs não trabalham para o bem do Brasil, mas "para quem paga". "Esses países não mandam dinheiro por caridade. Espero que dê para entender isso daí. Mandam com interesse. Para atingir a nossa soberania", declarou.

O presidente disse que é preciso "equilibrar narrativas" sobre a Amazônia. Afirmou ainda que há "inimigos aqui dentro".

"Quem pratica isso (as queimadas)"? Não sei. Os próprios fazendeiros, ONGs, índios, seja lá quem for. Existe esse interesse para cada vez mais dizer que nós não somos responsáveis. E, quem sabe mais cedo ou mais tarde, alguém decrete intervenção na Amazônia. Aí vamos ficar chupando dedo", declarou.

Bolsonaro criticou sugestão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado por Sergio Moro, de enviar 50 homens da Força Nacional para combater os incêndios. "Não tem recurso. Agora, mandar 50 homens para lá, pelo amor de Deus, não tem cabimento. Ínfimo isso aí."