Perícia aponta fraude e Justiça revoga prisão domiciliar de Abdelmassih
A decisão foi tomada após perícia médica, cujo resultado concluiu que o réu tem condições de fazer seu tratamento de saúde dentro da prisão, o que possibilita o cumprimento da pena em regime fechado. Segundo a juíza, houve indícios de que Abdelmassih consumiu remédios com o objetivo de aparentar estado de saúde pior do que o que realmente tinha para alterar o resultado da perícia e conseguir ser enviado para casa.
Abdelmassih havia sido beneficiado com a prisão domiciliar em 2017, por causa de problemas cardíacos. O direito a cumprir a pena em casa se dava mediante certas condições, como ser submetido à perícia médica trimestral. Neste ano, porém, ele teve a prisão domiciliar suspensa, após denúncias de que teria fraudado laudos que embasaram a decisão que concedia o benefício.
O ex-médico, então, foi levado pela Polícia Civil de sua casa, nos Jardins, zona sul paulistana, para o Hospital Penitenciário de São Paulo, até manifestação definitiva da Justiça.
Conforme a juíza, houve indícios de que Abdelmassih usou "seus conhecimentos médicos para ingerir medicações que levaram a complicações e descompensações intencionais, a fim de alterar a conclusão da perícia judicial".
Ela ainda escreve que sua decisão foi balizada em laudo elaborado pelo especialista em Perícia Médica e Medicina Legal, Elcio Rodrigues da Silva. "O tratamento atual pode ser realizado na modalidade ambulatorial", escreveu o perito. Segundo o laudo, há risco de complicações em qualquer local em que esteja domiciliado.
Procurada pela reportagem, a defesa de Abdelmassih não se manifestou até as 21 horas. A Secretaria de Administração Penitenciária informou que ele deu entrada na Penitenciária II de Tremembé às 18 horas.
Alívio
Vítimas do ex-médico disserem nesta quinta ter sentido alívio com a decisão. "Além da violência física, eu e outras mulheres estávamos sofrendo uma violência psicológica com ele fora da cadeia", disse Vanuzia Lopes à reportagem. "Temos uma ferida que nunca vai cicatrizar, mas notícias como essa ajudam a superar", disse Ena Castello, outra vítima. Segundo as denúncias, os abusos eram cometidos dentro da clínica do ex-médico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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