'Por que ele iria destruir o que é seu sustento?'
Gilberto Amendola e José Maria Tomazela
São Paulo
29/11/2019 07h23
Gustavo nasceu em Bauru, mas morava em São Paulo até se mudar para Alter do Chão (PA). Formado em Turismo pela PUC-SP, ainda em seu tempo de colégio, quando estudava no tradicional Sion, desenvolveu um projeto de reciclagem. "Esse projeto ainda é referência no colégio. Ele sempre foi engajado, o tipo de pessoa que tirava do próprio prato para dar para os outros", contou o irmão.
Guilherme diz que o irmão se apaixonou por Alter do Chão logo na primeira vez que conheceu o lugar. "Ele se mudou de mala e cuia. No começo, morou de aluguel e depois construiu uma casa, muito simples, em um terreno (onde mora com a namorada). Meu irmão seria incapaz de fazer algo de ruim para a floresta", disse.
Ele conta que Gustavo, desde 2015, tem um projeto de turismo no Pará que depende da biodiversidade e das belezas naturais locais para se sustentar. "Por que ele iria destruir o que é seu sustento? A verdade é que ele foi apagar o fogo como voluntário, usando chinelo."
Além de atuar na organização não governamental e como brigadista, Gustavo também é voluntário em uma creche e em um centro espírita. "Todo fim de semana serve sopa em uma comunidade indígena de lá. Meu irmão nunca gostou de viver na metrópole, o sonho dele sempre foi morar junto da natureza", lembrou.
Guilherme nunca ouviu do seu irmão que ele estaria sendo ameaçado, mas acredita que a prisão esteja relacionada com a "atual onda de criminalização de ONGs" que atuam na floresta. Com a notícia da soltura dos brigadistas, Guilherme e a família pretendem trazê-lo de volta para São Paulo.
Saída
"A gente está feliz de poder explicar agora tudo o que poderia ser explicado em liberdade, que está tudo certo", disse Daniel Govino à TV Globo, na saída da prisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.