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Bumba Meu Boi do Maranhão é eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Manifestação Bumba Meu Boi é consagrada Patrimônio Cultural da Humanidade - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Manifestação Bumba Meu Boi é consagrada Patrimônio Cultural da Humanidade Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

11/12/2019 14h27

Tradicional celebração da Região Nordeste do Brasil, o Bumba Meu Boi do Maranhão foi escolhido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em reunião realizada em Bogotá, na Colômbia, nesta terça-feira, 10.

Reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil em 2011, o Bumba Meu Boi do Maranhão é considerado um Complexo Cultural por congregar diversos bens associados em uma manifestação. A série de eventos apresenta performances dramáticas, musicais e coreográficas, mas também elementos materiais, como artesanatos, bordados do couro do boi e indumentárias dos personagens, instrumentos musicais, entre outros.

Enraizado no catolicismo popular, o Bumba Meu Boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal, mas os cultos religiosos afro-brasileiros do Maranhão, como o Tambor de Mina e o Terecô, também estão presentes na celebração. Segundo a tradição, o sincretismo ocorre entre os santos juninos e os orixás, voduns e encantados que requisitam um boi como obrigação espiritual.

Considerado a mais importante manifestação da cultura popular do Maranhão, o Bumba Meu Boi tem seu ciclo festivo dividido em quatro etapas: os ensaios, o batismo, as apresentações públicas ou brincadas, e a morte. É vivenciado pelos brincantes ao longo de todo o ano.

A lenda, estima-se, vem do século 18. A versão mais comum dá conta de que Catirina, grávida, sentiu desejo de comer a língua do boi mais precioso da fazenda onde trabalhava. Para satisfazer as vontades da amada, Pai Chico matou o boi - causando a ira de seu patrão. Mas, com ajuda de seres mitológicos, o boi ressuscitou, deixando todos felizes.

Para a presidente do Boi de Maracanã - um dos mais tradicionais grupos do Estado -, Maria José Soares, é um privilégio para a cultura ser selecionada pela Unesco, segundo um comunicado do Iphan. O grupo possui mais de 1 mil pessoas envolvidas na manutenção da cultura popular.

Também em nota, emitida antes da escolha, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, destacou que a análise da Unesco reforça o potencial do turismo cultural do Brasil.

"Não à toa, fomos eleito pelo Fórum Econômico Mundial como o nono país em atrativos culturais, o que nos faz ter a certeza de que a valorização de nossa identidade cultural será fundamental para levar o setor a um novo patamar", disse.

Para o secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, o reconhecimento é de extrema importância pois além de garantir maior promoção do bem no País e no exterior, vem acompanhado de um trabalho de valorização e proteção.

"No dossiê construído para a candidatura estão previstas ações de salvaguarda que terão que ser cumpridas para garantir que essa expressão cultural não se perca de sua essência", afirmou, também em nota.

O Complexo Cultural do Bumba Meu Boi é o sexto bem brasileiro a integrar a lista internacional. Antes, foram escolhidos:

A Arte Kusiwa - Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003);

O Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005);

O Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012);

O Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013); e

A Roda de Capoeira (2014).

Eram 429 expressões culturais inscritas na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco em 2019.

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