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Marta Suplicy filia-se ao Solidariedade e pode concorrer nas eleições municipais

Ricardo Galhardo

São Paulo

02/04/2020 14h23

Faltando dois dias para o fim do prazo de filiação para quem quiser concorrer nas eleições municipais deste ano, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy assinou a ficha de entrada no Solidariedade.

O papel que Marta terá nas próximas eleições municipais vem sendo especulado desde o fim do ano passado, quando surgiu a hipótese de que ela seria candidata à vice na chapa de Fernando Haddad (PT). Também ex-prefeito, Haddad tem declarado que não tem pretensão de concorrer à Prefeitura. O PDT também surgiu como possível destino da ex-ministra nos últimos meses.

Em um texto no qual explica as razões da escolha, a ex-prefeita defende a formação de uma frente ampla que vá dos liberais de centro direita aos progressistas de esquerda para enfrentar candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro e diz que o ?oportunismo eleitoral? deve ser colocado de lado.

"A união é necessária para termos capacidade e condições de formularmos as respostas para a construção de programas sociais abrangentes e políticas públicas emergenciais. Está colocado o desafio de abandonar o oportunismo eleitoral e nos centrarmos no que nos une. Colocarmos de lado as divergências acessórias para aprofundarmos projetos urgentes de prevenção sanitária, saneamento básico, cuidados e acolhimento de toda a população, em especial os mais carentes e desprotegidos", diz a ex-prefeita.

A ex-prefeita tem dito em entrevistas que, desde que se desfiliou do MDB, em 2018, está disposta a concorrer a qualquer cargo na eleição para a prefeitura deste ano desde que sua participação ajude a cimentar a unidade de uma frente democrática contra o bolsonarismo.

A filiação de Marta ao Solidariedade acontece no dia em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), faz um asceno à esquerda ao compartilhar uma mensagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marta, que teve a volta ao PT barrada por setores da militância petista, embora tivesse apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, critica o sectarismo no texto.

"Fora de hora e equivocados estão os que insistem, também de forma irresponsável, no debate de disputas internas partidárias voltadas para o próprio umbigo. Não há mais cabimento em apontar a lua mas não conseguir enxergar além do que o próprio dedo. A lógica da solução eleitoral através de disputas apequenadas devem ser superadas, pois acabam prevalecendo sobre os interesses maiores da cidade e do país".

Leia a íntegra da nota:

Frente Ampla e Solidariedade

Filiei-me ao Solidariedade com a perspectiva de continuar lutando pela construção de uma Frente Ampla para disputar as eleições de 2020 que poderá governar a cidade de São Paulo com força política, competência e compromisso social.

Nesta arquitetura de Unidade Democrática posso exercer qualquer papel. Pretensão pessoal não é o que me move neste momento.

A situação gravíssima que vivemos requer ousadia, fé, coragem e muita Solidariedade.

A unidade das forças liberais, de centro, progressistas, todas democráticas, coloca-se como inexorável.

Os graves riscos de ordem institucional, econômica, os equívocos e irresponsabilidades de vários governantes, colocam a necessidade da união de todos que, com espírito público, tenham sensibilidade em reconhecer as enormes desigualdades sociais e a necessidade de ações concretas, diretas e urgentes para a diminuição do sofrimento da população.

A perspectiva de focar o futuro da cidade com grandeza e desprendimento impõem-nos o desafio de não incentivarmos ações de isolamento desta ou daquela força política do mesmo campo democrático. Esse não é um bom caminho. Não faz sentido a promoção de nenhum tipo de sectarismo em detrimento das enormes necessidades da cidade e da população.

Fora de hora e equivocados estão os que insistem, também de forma irresponsável, no debate de disputas internas partidárias voltadas para o próprio umbigo. Não há mais cabimento em apontar a lua mas não conseguir enxergar além do que o próprio dedo.

A lógica da solução eleitoral através de disputas apequenadas devem ser superadas, pois acabam prevalecendo sobre os interesses maiores da cidade e do país.

A hora é de olharmos para São Paulo com faróis altos colocando como prioridade a superação da gravíssima crise hoje vivida e a diminuição do grande fosso de desigualdades.

A união é necessária para termos capacidade e condições de formularmos as respostas para a construção de programas sociais abrangentes e políticas públicas emergenciais.

Está colocado o desafio de abandonar o oportunismo eleitoral e nos centrarmos no que nos une. Colocarmos de lado as divergências acessórias para aprofundarmos projetos urgentes de prevenção sanitária, saneamento básico, cuidados e acolhimento de toda a população, em especial os mais carentes e desprotegidos

A unidade democrática e progressista poderá ser o instrumento para São Paulo dar um basta ao escandaloso e equivocado desmonte das políticas públicas populares.

Só assim o Brasil poderá abrir caminhos para reencontrar-se e acordar do terrível pesadelo em que se encontra.

Marta Suplicy