CPI das fake News é aprovada com foco na pandemia
O Congresso confirmou o apoio de 34 senadores e 209 deputados à continuidade das investigações, iniciadas em 2019. Houve pressão do governo para a retirada de assinatura, mas não adiantou. Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro alegavam que a agenda do Legislativo deveria se concentrar em medidas de combate ao coronavírus. Integrantes da CPI, por outro lado, argumentaram que há muitas informações falsas sobre a doença que precisam ser investigadas.
A continuidade da CPI é mais um revés para Bolsonaro, que se desgastou com o Congresso e perdeu respaldo de aliados por defender posições antagônicas às das autoridades sanitárias do Brasil e do mundo no enfrentamento da covid-19.
Mudanças recentes na composição da CPI, especialmente no PSL, partido que Bolsonaro abandonou, fizeram com que o governo passasse a sofrer seguidas derrotas em votações. A CPI, a partir de agora, pretende abrir até uma frente para apurar quem repassou fake news sobre a pandemia do novo coronavírus.
Segundo o senador Angelo Coronel (PSD-BA), presidente da comissão parlamentar, o objetivo é "descobrir quem são os patrocinadores dessas pessoas que se utilizam de perfis falsos para depreciar as instituições, a família e atentar contra a vida, com falsas informações sobre o coronavírus". "Temos que banir os marginais digitais e punir seus financiadores", disse.
Twitter e Facebook passaram a bloquear o acesso a conteúdos que são contrários às orientações médicas e podem colocar em risco a saúde pública.
Nesta semana, Bolsonaro reproduziu em sua conta oficial do Twitter um vídeo mostrando desabastecimento de um mercado de produtos agrícolas em Contagem (MG). O vídeo era falso e ele acabou pedindo desculpas, além de apagá-lo.
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filhos do presidente, também tiveram publicações relacionadas à covid-19 removidas ou borradas de redes sociais.
Antes da pandemia, a CPI já havia aprovado pedidos para promover audiência com representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e interrogar pessoas ligadas ao movimento antivacina e a sites com recomendações médicas falsas.
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