Topo

Murilo Melo Filho, acadêmico e jornalista, morre aos 91 anos

Guilherme Sobota

27/05/2020 15h54

O acadêmico da Academia Brasileira de Letras e jornalista Murilo Melo Filho morreu nesta quarta-feira, 27, aos 91 anos, no Rio. Com extensa carreira no jornalismo profissional, Melo Filho foi eleito para a ABL em 1999. Ele teve falência múltipla dos órgãos, quatro anos depois de ter sofrido um AVC.

Nascido em Natal (RN) em outubro de 1928, ele começou a trabalhar no Diário de Natal com apenas 12 anos, escrevendo comentários esportivos. Aos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no IBGE, no Ministério da Marinha e em diversos jornais, incluindo o Correio da Noite, a Tribuna da Imprensa, o Estadão e na revista Manchete, veículo para o qual colaborou por 40 anos.

Nos anos 1960, foi diretor da Manchete, acompanhando de perto a construção e os primeiros anos de Brasília, onde também ensinou jornalismo na UnB.

De Juscelino Kubitschek a José Sarney, Melo Filho acompanhou viagens e entrevistou os líderes políticos do País, visitando os cinco continentes e participando da cobertura de alguns dos principais acontecimentos históricos da segunda metade do século 20. Cobriu a Guerra do Vietnã, com o fotógrafo Gervásio Baptista, em 1967, e foi o primeiro jornalista brasileiro a cobrir a Guerra do Camboja, com o fotógrafo Antônio Rudge, em 1973.

Entre colaborações e artigos, seus textos figuram em livros como Cinco Dias em Junho (1967, com com Arnaldo Niskier, Joel Silveira e Raimundo Magalhães) e O Desafio Brasileiro (1970), texto que vendeu 80 mil exemplares em 16 edições e lhe rendeu o Prêmio Alfred Jurzykowski, da ABL, como o melhor ensaio do ano.

Seus trabalhos mais recentes foram O Brasileiro Rui Barbosa (A União Editora, 2009) e Políticos ao Entardecer (Editora Cultura, 2009).

Murilo Melo Filho foi também membro do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e membro da União Brasileira de Escritores (UBE), bem como oficial militar da reserva.