Fórum discute ações do Estado para igualdade de gênero
Segundo ela, ao não levar a questão de gênero em consideração, qualquer medida pode exercer a manutenção das desigualdades - ou, pior, acentuar as que já existem.
Responsável pela frente de promoção de direitos LGBT do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Marina Reidel foi na mesma linha. "Hoje, temos 27 realidades - 26 Estados e o Distrito Federal, mas nem todos têm alguém que trate dessa política. Como vou provocar a gestão que está lá se não tenho essa interlocução?", questionou Marina, que integra a pasta chefiada por Damares Alves.
Também participante do painel, a empreendedora Monique Evelle afirmou que a discussão sobre o tema, mesmo feita de modo "transversal", não pode supor "universalidade". Ela questionou a noção genérica de "mulher" e disse que outros fatores - como "raça" - devem ser levados em consideração. "Tem uma coisa chamada nome e sobrenome. Parece besteira. Mas, assim como a branquitude, a masculinidade tem nome e sobrenome, enquanto pessoas pretas e mulheres não têm nem nome, imagina sobrenome", afirmou Monique.
A antropóloga Débora Diniz relembrou o caso do menino Miguel, morto ao cair do nono andar de um prédio no Recife, quando ficou aos cuidados da patroa de sua mãe - empregada doméstica, a mãe de Miguel havia saído para passear com o cão da família para a qual trabalhava. Na visão de Débora, este é um exemplo de que existe também uma "hierarquia" entre mulheres. Ela afirmou que qualquer "essencialização" - tratar o grupo de mulheres como um "todo genérico" - traria uma ideia falsa de que existe uma "naturalização" deste grupo, uma dimensão de "normalidade", o que ela considera um falso pressuposto. "Não queremos um novo normal no campo do gênero, queremos desafiar a própria ideia de normalidade."
Com transmissão do Estadão, o Brazil Forum UK é promovido pela comunidade de estudantes brasileiros no Reino Unido.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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