OMS: Compra de vacina é questão de soberania e remdesivir pode não ser utilizado
O diretor-executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan, afirmou hoje em entrevista coletiva que a compra de vacinas é assunto da "soberania nacional" dos países, e que acredita "que o governo federal vai trabalhar no que é melhor para o Brasil", em resposta ao anúncio de Jair Bolsonaro (sem partido) de não adquirir os imunizantes chineses. Ainda sobre a situação brasileira, Ryan afirmou que cada país tem uma condição singular, tendo de ser observada a trajetória do vírus, mas que há atualmente uma "infraestrutura científica muito forte", e que "as condições agora são melhores" do que no começo da pandemia.
Em relação à liberação do remdesivir, anunciada ontem pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de remédios e alimentos dos EUA, Ryan afirmou que as instituições podem liberar medicamentos que não necessariamente serão utilizados nas terapias, não havendo conflito. A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, indicou que os dados nos quais a FDA se baseou não levaram em conta o resultado da pesquisa Solidariedade, que não havia registrado queda na mortalidade a partir da prescrição do remdesivir.
Swaminathan afirmou que a OMS deve começar a ter à disposição dados sobre eficácia das vacinas em novembro, e que no principio de 2021, a instituição deve se posicionar sobre a recomendação de imunizantes específicos. A este passo, deve se seguir uma aplicação das vacinas em pessoas de grupos de risco, que a cientista espera que seja de forma bem distribuída globalmente. Defendendo a iniciativa Covax, afirmou que é a melhor opção para os países garantirem a vacina, citando inclusive o Brasil. "Temos de balancear as expectativas", ponderou, lembrando que apenas entre 10 e 20% das vacinas costumam ser eficazes, mas que há, "felizmente", muitas candidatas para a covid.
"Alguns países viram aumento exponencial de casos e situação é crítica, em especial no Hemisfério Norte", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. O diretor instou governos a fazerem o possível para "impedir o colapso dos serviços de saúde e que escolas fechem outra vez", além de "ajudar famílias e negócios a se manterem". Alguns países mais pobres tiveram muitos problemas com suprimento de oxigênio, destacou, citando especialmente algumas nações africanas. Sobre o tema, afirmou: "Apoiamos a colaboração entre países e o setor privado para prover oxigênio".
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